Economia

Em carta, papa Francisco pede a FMI que reduza a dívida dos países pobres

Pontífice também pediu mais voz a essas nações nas decisões globais. G-20 prorroga suspensão de débitos de economias menos desenvolvidas
Papa Francisco: "Não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos” Foto: Reuters
Papa Francisco: "Não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos” Foto: Reuters

CIDADE DO VATICANO — O Papa Francisco disse aos chefes financeiros mundiais que os países pobres atingidos pelo impacto econômico do coronavírus precisam ter sua dívida reduzida. Em carta enviada aos participantes da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o pontífice pediu mais voz a essas nações nas deciões globais.

Na mensagem, o papa disse que a pandemia forçou o mundo a lidar com as crises inter-relacionadas nas áreas sócio-econômica, ecológica e política.

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"A noção de recuperação não pode se contentar com o retorno a um modelo desigual e insustentável da vida social e econômica, onde uma minúscula minoria da população mundial detém metade da riqueza", disse o pontífice na carta, datada de 4 de abril.

Ele disse que um espírito de solidariedade global "exige, no mínimo, uma redução significativa do fardo da dívida das nações mais pobres, que foi exacerbada pela pandemia".

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O pontífice  pediu um novo “plano global” que “necessariamente significa dar às nações mais pobres e menos desenvolvidas uma participação efetiva na tomada de decisões e facilitar o acesso ao mercado internacional”.

Os chefes financeiros do G-20 prorrogaram na sexta-feira a suspensão de débitos de economias menos desenvolvidas, mas não conseguiram cancelar a dívida em si ou expandir o alívio da dívida, conforme solicitado por organizações sem fins lucrativos.

Francisco afirmou que os mercados financeiros precisam ser sustentados por leis e regulamentos que garantam que trabalhem para o bem comum, e pediu "uma solidariedade de vacina justamente financiada".

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“Não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos”, acrescentou.

Com as campanhas de vacinação nos países pobres da África ficando muito atrás das do mundo desenvolvido, especialmente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, o papa apelou aos líderes políticos e empresariais para fornecer "vacinas para todos, especialmente para os mais vulneráveis e necessitados".