SÃO PAULO — A Embraer negocia uma fusão de US$ 2 bilhões de sua start-up Eve Urban Air Mobility , que desenvolve veículos elétricos de pouso vertical (eVTOLs, também chamados de carros voadores), com a Zanite Acquisition. A notícia fez com que as ações da Embraer tivessem a maior alta do dia na Bolsa, de 15,61% .
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A interessada é o que se chama no mercado de Spac, uma empresa constituída essencialmente com a finalidade de levantar recursos, via abertura de capital, para comprar outra companhia. A Zanite está listada no mercado americano. A notícia foi antecipada pela Bloomberg, e a empresa confirmou em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“As negociações com a Zanite estão em curso. A Companhia não pode prever se a Eve chegará a um acordo definitivo ou quais serão os seus termos”, informou a Embraer.
Até agora, as negociações são consideradas embrionárias. Existem no mundo ao menos 140 projetos em curso para desenvolver eVTOLs.
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A Eve foi anunciada em outubro do ano passado como um spin-off da EmbraerX, subsidiária de inovação da fabricante brasileira de aviões. Sediada no estado americano do Delaware, a Eve pretende elaborar protótipo do eVTOL , espécie de carro voador, que seria mais barato, eficiente e versátil que os helicópteros.
Segundo fontes, o diferencial da Eve é justamente contar com a expertise da Embraer. O futuro que se vislumbra para o carro voador, porém, ainda é muito distante dos Jetsons: ele não será o veículo da família para uso diário. Mas poderá ser usado para deslocamentos de urgência ou quando se precisa atravessar a cidade rapidamente.
Em apenas uma semana, a Eve anunciou 250 encomendas de eVTOLs. As entregas devem começar em 2026. Os pedidos de compra vieram da Helisul Aviation, uma das maiores operadoras de helicópteros da América Latina, e da Halo, líder em operações de táxi aéreo de helicóptero nos EUA e no Reino Unido.
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Em abril do ano passado, na esteira do impacto da pandemia no setor aéreo, a Boeing suspendeu o processo de compra da divisão de avião comercial da Embraer. O cancelamento da operação ocorreu 21 meses após seu anúncio.
Para Raphael Galante, consultor da Oikonomia Consultoria Automotiva, o fato de a EVE valer tanto mesmo sem contar ainda com um produto viável não é incomum. Ele lembra o caso da Tesla, que recebeu investimentos muitos anos antes de produzir o primeiro veículo.
— Estamos vivendo tempos tão disruptivos no setor automotivo que inovações como esta passam a ser consideradas — afirmou.
Henrique Esteter, economista chefe da Guide, cita a promessa da volta de aeronaves supersônicas: a United fechou acordo para a compra de aviões deste tipo para 2029:
— Será que em dez, 15 anos, as companhias áreas serão as mesmas ? O investimento em start-ups faz sentido, mas ainda estamos falando de sonhos.