Economia

Google é multado na França em € 220 milhões por monopólio na publicidade on-line

Empresa também se comprometeu a fazer mudanças em seus serviços nessa área de negócios pela primeira vez
Google: onipresente em quase todos os serviços web Foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP
Google: onipresente em quase todos os serviços web Foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP

PARIS - A agência reguladora para a concorrência na França anunciou uma multa de € 220 milhões (US$ 267,37 milhões) contra o Google por considerar a empresa culpada de favorecer os seus próprios serviços no setor de publicidade on-line. É um novo golpe na Europa contra as gigantes americanas de tecnologia.

O Google "não questionou os fatos". A multa foi decidida no âmbito de um acordo com três meios de comunicação (News Corp, o jornal francês Le Figaro e o grupo Rossel, da Bélgica) que o acusaram de ter monopolizado a venda de publicidade on-line.

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"A autoridade (reguladora francesa) constatou que o Google deu tratamento preferencial a suas tecnologias apresentadas sob a marca Google Ad Manager", indicou a instituição.

"As práticas questionadas são particularmente graves porque afetaram os concorrentes do Google no mercado das SSP (plataformas nas quais os editores colocam à venda seus espaços publicitários) e os editores de sites e aplicativos móveis", entre eles as editoras de imprensa, acrescentou.

“A decisão de multar o Google é particularmente significativa, pois é a primeira em todo o mundo a lidar com processos complexos de leilão algorítmicos usados para exibição de publicidade on-line”, disse Isabelle de Silva, que chefia o órgão regulador da França, em um comunicado.

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A Alphabet, a matriz do Google, teve um volume de negócios de US$ 55,31 bilhões no primeiro trimestre de 2021, principalmente graças à publicidade on-line.

As práticas da empresa são objeto de investigação por parte das autoridades de vários países.

Além da multa, o Google disse nesta segunda-feira que vai testar mudanças em seus serviços de publicidade on-line. É a primeira vez que a empresa se propõe a fazer mudanças nessa área de negócios.

A empresa também disse que planeja implementar essas mudanças "de forma mais ampla, incluindo algumas globalmente".

Favorecimento em plataforma

A agência reguladora descobriu que a Google Ad Manager, plataforma de gerenciamento de anúncios do Google para grandes publishers, favorecia o Google AdX, mercado de anúncios online da própria empresa onde os editores vendem espaço a anunciantes em tempo real.

O Ad Manager proporcionava dados estratégicos ao AdX, como os preços de lances vencedores, e o AdX também desfrutava de acesso privilegiado a pedidos feitos por anunciantes através dos serviços de anúncios do Google, disse a agência.

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Por sua vez, o AdX compartilhava dados mais facilmente com o Ad Manager do que com outras plataformas de gerenciamento de anúncios, explicaram os reguladores franceses. Tais plataformas são cruciais para editores gerenciarem e venderem espaço de anúncios.

Conforme os termos do acordo, o Google se comprometeu a melhorar a maneira como os serviços do Ad Manager trabalham com servidores de anúncios e plataformas de venda de espaço de anúncios rivais, disse a agência reguladora francesa. Algumas mudanças serão implementadas até o primeiro trimestre de 2022, informou o órgão, acrescentando que o Google não apelará da decisão.

Big techs na berlinda

Na semana passada, a União Europeia abriu sua primeira investigação formal contra o Facebook por práticas anticompetitivas que envolvem comércio digital e publicidade on-line.

O movimento foi acompanhado pelo Reino Unido, onde os órgãos reguladores também iniciaram uma investigação paralela contra a gigante de tecnologia.

E, no fim de semana, os ministros das Finanças do G-7 esboçaram um acordo global sobre tributação que pode dar aos governos maiores possibilidades de tributar empresas multinacionais, com destaque para as gigantes da tecnologia dos Estados Unidos, e estabelecer um piso para as taxas corporativas em todo o mundo.

Os países concordaram em apoiar uma nova alíquota tributária mínima global de pelo menos 15% que as empresas teriam de pagar independentemente de onde instalem suas sedes.