Economia

Ícone da guerra fiscal, Irlanda quer manter atração de multinacionais após acordo do G7 sobre imposto mínimo global

Ministro das Finanças irlandês diz que qualquer medida precisa atender às necessidades dos países, sejam grandes ou pequenos
O ministro das Finanças da Irlanda, Paschal Donohoe, com a secretária do Tesouro americano Janet Yellen no encontro do G7 Foto: ALBERTO PEZZALI / AFP
O ministro das Finanças da Irlanda, Paschal Donohoe, com a secretária do Tesouro americano Janet Yellen no encontro do G7 Foto: ALBERTO PEZZALI / AFP

DUBLIN E LONDRES - Depois que os países do G7 fecharam um acordo para impor uma uma alíquota global mínima de pelo menos 15% para que os governos taxem as empresas multinacionais, em especial as gigantes de tecnologia — o que poderia representar um problema para a Irlanda, que pratica uma política fiscal mais amena —, o  ministro das finanças irlandês, Paschal Donohoe, disse que continua confiante de que a economia do país continuará a atrair investimentos e empregos multinacionais.

— Isso [o acordo do G7 tem consequências para o futuro da política tributária corporativa em todo o mundo, mas, no processo que está por vir, defenderei o papel da concorrência fiscal legítima — disse ele a jornalistas em Londres, acrescentando que vem conversando "de forma construtiva” com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a com secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, sobre o tema.

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Numa rede social, Donohoe afirmou estar "ansioso para me envolver nas discussões na OCDE. Há 139 nações à mesa, e qualquer acordo terá que atender às necessidades de países pequenos e grandes, desenvolvidos e em desenvolvimento".

Sem dúvida, a Irlanda tem mais a perder com a decisão, devido à atratividade de sua taxa mais baixa de 12,5% para multinacionais estrangeiras.

Não por acaso, Donohoe lembrou o fato de que empresas como a Apple operam na Irlanda há décadas e estão entre seus maiores empregadores.

— O ambiente tributário que está se desenvolvendo no momento também está sendo avaliado pelas multinacionais. O motivo pelo qual estou muito otimista quanto ao futuro de nossa economia é duplo — disse Donohoe ao Irish Times.

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Ele frisou que as multinacionais estão "bem integradas em termos de infraestrutura física em nosso país" devido à longevidade de seus investimentos,  e afirmou que, com o plano de defender a competição fiscal, a Irlanda permanecerá um destino previsível para empresas estrangeiras.

80% da arrecadação vêm de gigantes

Grandes multinacionais como Apple, Facebook e Google empregam diretamente cerca de um em cada oito de seus trabalhadores na Irlanda e respondem por mais de 80% das receitas de impostos corporativos que cresceram nos últimos anos.

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Donohoe reiterou que a arrecadação anual de impostos corporativos da Irlanda deve ser cerca de 20% ou € 2 bilhões menor em 2025, devido às mudanças previstas.

Ainda assim, o ministério irlandês projeta que a arrecadação ainda aumentaria gradualmente até aquele ano para € 12,5 bilhões (contra cerca de € 11,6 bilhões em 2021).