Economia

Já na 1ª semana de junho, 1 milhão de brasileiros voltaram a trabalhar após o afastamento por causa da pandemia

Pesquisa Pnad Covid19 do IBGE aponta que 16,1% de todos os brasileiros empregados estavam, temporariamente, fora de suas funções
Dados da Pnad Covid coincidem com a abertura do comércio no Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Dados da Pnad Covid coincidem com a abertura do comércio no Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO —  Na primeira semana de junho, 1,06 milhão de brasileiros que estavam afastados no trabalho voltaram a exercer sua função de alguma forma, seja de home office ou de forma presencial, na comparação com a última semana de maio. Os dados são da Pnad Covid , pesquisa telefônica do IBGE, divulgada nesta sexta-feira.

Segundo a pesquisa, a redução do número de ocupados afastados do trabalho foi influenciado pela região Sudeste, a única a apresentar queda do índice na primeira semana de junho. Na demais, houve estabilidade na comparação com a última semana de maio. Os dados coincidem com a abertura do comércio no Rio de Janeiro e São Paulo , por exemplo.

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A diminuição do número de brasileiros afastados do trabalho podem indicar que essas pessoas voltaram a exercer sua atividade de alguma maneira, seja presencialmente ou de modo remoto. Desde a primeira semana de maio, o contingente de pessoas afastadas vem diminuindo gradualmente.

Esse número, no entanto, pode ter sido influenciado por profissionais informais que voltaram a exercer as atividades . Na primeira semana de junhi, a taxa de informalidade subiu de 34,5% para 35,6%. São mais 692 mil pessoas nessa condição. Ao mesmo tempo, o percentual de brasileiros que trabalhavam remotamente ficou estável - 8,9 milhões, o equivalente a 13,2% dos ocupados.

— Isso pode significar o retorno dessas pessoas ao mercado de trabalho, já que, inicialmente, elas foram as mais afetadas pela pandemia. Todo o comércio informal interrompeu suas atividades, uma vez que essas pessoas ficaram impedidas de trabalhar —  explica Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE.

Ao todo, cerca de 13,5 milhões de brasileiros ainda seguem afastados do trabalho devido ao distanciamento social, o equivalente a 16,1% da população ocupada. Na última semana de maio, por exemplo, o total de pessoas com vínculos trabalhistas e impossibilitadas de trabalhar era de 14,6 milhões.

— Uma reabertura pode agravar o problema da pandemia e o mercado de trabalho — O número de casos não tem baixado, não tem aliviado, hoje no curto prazo parece positivo (o retorno de um milhão), mas no longo prazo pode se agravar (o mercado de trabalho) —  alerta Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, citando a possibilidade de uma segunda onda de contágio.

Imaizumi não descarta, porém, que parte desse contingente tenha sido dispensado, passando a estar não ocupado ou fora da força de trabalho. Ao todo, 83,7 milhões de brasileiros estavam ocupados na primeira semana de junho, estável na comparação com a última semana de maio.

Nos cálculos do economista, se considerado população não ocupada somada às pessoas não ocupadas que não procuraram emprego por conta da pandemia, mas que gostaria de trabalhar, a taxa de desemprego na primeira semana de junho chegaria a 25,8%.

Esse número é importante, pois essa última parcela deixa de compor a taxa de desocupação pelos critérios da pesquisa do IBGE . Pela metodologia, é considerado desempregado quem procura emprego e não acha. Por isso, oficialmente a taxa de desemprego na primeira semana foi de 11,8%.

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Cerca de 26,8 milhões de brasileiros estavam fora da força de trabalho , mas disseram que gostaria de trabalhar. Destes, 17,9 milhões estavam impossibilitados de buscar um emprego por conta da pandemia ou por não encontrarem uma vaga na localidade em que moravam.

Para Daniel Xavier Francisco, economista do Banco ABC Brasil, mudanças mais profundas na taxa de desemprego devem acontecer a partir do segundo semestre, quando um contingente maior de pessoas devem voltar a procurar emprego e não devem encontrar numa economia.

—  O choque da pandemia no mercado de trabalho, pensando na taxa de desemprego nacional, vamos começar a ver de forma mais rápida somente no segundo semestre. Por ora é um desemprego elevado, mas que está subindo muito pouco —  explica.

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A Pnad Covid é a primeira pesquisa do IBGE feita completamente por telefone. O objetivo da pesquisa é acompanhar o impacto da quarentena no mercado de trabalho, assim como a população com sintomas gripais e que procuraram atendimento médico.