Economia

Mercado Livre anuncia que vai investir R$ 10 bi no Brasil este ano

Recursos serão direcionados para logística, incluindo caminhões, aviões e novos armazéns. Valor equivale ao que a empresa reservou para o país nos últimos 4 anos
Mercado Livre: investimento no país após crescimento de operações Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Mercado Livre: investimento no país após crescimento de operações Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

SÃO PAULO - O Mercado Livre anunciou nesta segunda-feira que vai investir R$ 10 bilhões no Brasil em 2021 para marcar posição em seu principal mercado, ao ver a América Latina como a região de maior crescimento do comércio eletrônico no mundo.

O valor, equivalente ao investido pela empresa no país nos últimos quatro anos, foi divulgado na esteira do crescimento explosivo das operações no quarto trimestre e vem após anúncios de investimentos bilionários rivais, incluindo da norte-americana Amazon no país.

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Segundo o presidente de Commerce da companhia para a América Latina, Stelleo Tolda, os recursos serão investidos em logística, incluindo caminhões, aviões e novos armazéns, além da ampliação da oferta de crédito de seu braço financeiro e de produtos em seu marketplace, como de supermercados.

– Temos condições de gerar uma recorrência maior dos nossos clientes – disse Tolda em entrevista à Reuters.

O faturamento do Mercado Livre quase dobrou no período, indicando que o comércio on-line seguiu ganhando terreno, mesmo com a flexibilização parcial do isolamento imposto para conter a Covid-19. A receita líquida somou US$ 1,3 bilhão de outubro a dezembro, alta anual de 96,9% em dólares.

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Isso ocorreu mesmo com a forte depreciação cambial que atingiu todas as moedas da região no período, no encalço da crise provocada pela pandemia. Se medida pela divisa de cada país, a receita cresceu 148,5%. O Brasil, que responde por 54% da receitas, teve alta de 68% em dólar e de 120% em real.

Armazém do Mercado Livre, em Cajamar, cidade vizinha a São Paulo Foto: Caio Guatelli / Agência O Globo
Armazém do Mercado Livre, em Cajamar, cidade vizinha a São Paulo Foto: Caio Guatelli / Agência O Globo

O volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) no trimestre somou US$ 6,6 bilhões, alta anual de 69,6% em dólar e 109,7% em moeda constante, com o Mercado Livre colhendo os frutos de maiores investimentos, como na capacidade logística e na prateleira de serviços financeiros.

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Foco na logística

O Mercado Livre e outros como a Amazon têm anunciado investimentos bilionários em logística nos últimos meses para ganharem escala na América Latina, região onde o comércio on-line mais cresce no mundo, segundo dados da consultoria e-Marketer.

Investimentos pesados em tecnologia e em logística própria reduziram a dependência de terceiros e ampliaram a eficiência de custos no processo, disse o executivo.

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– Três anos atrás, 95% das nossas encomendas eram entregues pelos Correios; no fim de 2020, esse percentual havia caído para menos de 10% – afirmou Tolda.

A rede do serviço de logística do grupo, Mercado Envios, atingiu no Brasil uma penetração de 79% do total das entregas no quarto trimestre ante 68% na comparação anual.

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O Mercado Livre, com sede na Argentina, teve no quarto trimestre uma base de usuários ativos de 74 milhões, 71,3% maior do que um ano antes.

Em outra frente, no braço financeiro Mercado Pago, o volume de pagamentos processados no trimestre atingiu US$ 15,9 bilhões, alta ano a ano de 83,9% em dólares e 134,4% em moeda constante. E a carteira de crédito do segmento atingiu US$ 479 milhões, mais do que dobrando em um ano.

Ao preferir investir na expansão do negócio a  obter rentabilidade mais imediata, o grupo teve prejuízo líquido de US$ 50,6 milhões no trimestre, ante prejuízo de US$ 54 milhões um ano antes.