Economia

Oi sai de 'lista suja' da Anatel, e decisão pode acelerar venda da tele

Companhia não corre mais risco de sofrer intervenção do governo. Empresa já contratou banco para negociar ativos
Prédio da Oi Foto: Agência O Globo
Prédio da Oi Foto: Agência O Globo

RIO - A Oi, empresa em recuperação judicial desde 2016, não corre mais risco de sofrer uma intervenção da Agência Nacional de Telecomunicações ( Anatel ). A tele carioca informou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ), na noite de segunda-feira, que o órgão regulador suspendeu o acompanhamento especial que era feito na empresa por considerar que a tele não corre mais o risco de falta de liquidez .

A decisão tende a acelerar a venda da companhia, que já contratou um banco para buscar "novos investidores" .

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A medida da Anatel foi tomada após a Oi ganhar um reforço de caixa de quase US$ 1 bilhão ao vender suas ações na Unitel , principal operadora móvel em Angola. Além disso, a companhia também ganhou reforço de R$ 2,5 bilhões devido a um processo de capitalização.

A decisão foi tomada nesta quinta pelo Conselho diretor da Anatel, segundo a Oi. O órgão regulador  “suspendeu o acompanhamento especial efetuado até esta data por considerar ter sido sanado o risco de liquidez de curto prazo da companhia”.

Durante esse período de acompanhamento, um representante da Anatel participava das reuniões do Conselho da Oi e tinha acesso a todos os números da empresa.

Ao longo do ano passado, a companhia passou por uma grave crise financeira e de muitas incertezas por não conseguir gerar caixa suficiente para fazer frente ao seu volume de investimentos acordado com a Justiça. Ainda sim, uma intervenção na Oi não chegou a ser unanimidade entre os conselheiros da Anatel.

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Segundo uma fonte do governo, uma intervenção na Oi iria criar um cenário complexo na companhia, já que isso seria apenas na telefonia fixa, por fazer parte da concessão. Por isso, disse essa mesmo fonte, a solução almejada pelo governo sempre foi a de que a Oi encontrasse uma solução de mercado com novos sócios.

- É mais um passo para atrair novos investidores - disse essa fonte.

Com a decisão da Anatel, a Oi passa a ter o mesmo nível de acompanhamento de suas concorrentes. A tele carioca tem, desde o fim de janeiro, Rodrigo Abreu como presidente da empresa .

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Ex-presidente da TIM e até então membro do conselho de administração da tele carioca, Abreu tem como meta continuar com a venda de ativos considerados não-estratégicos e investir na ampliação de fibra óptica no Brasil,  que hoje conta com 370 mil quilômetros de rede.  Por isso, afirmou uma fonte, a empresa não descarta vender sua operação de telefonia móvel, avaliada em cerca de R$ 20 bilhões.

Com a venda da operação em Angola, a Oi contratou o banco Lazard para buscar novas opções de financiamento para sua expansão e atração de novos investimentos.