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Economia

Tele mineira Algar e fundo de Cingapura entram na disputa pela operação móvel da Oi

O asiático GIC tem 25% do capital da operadora brasileira e quer ampliar sua operação no Brasil, destacou uma fonte
Lojas da Oi no centro do Rio Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
Lojas da Oi no centro do Rio Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

RIO -A operadora mineira Algar e o fundo soberano de Cingapura GIC são os novos interessados em comprar a operação móvel da Oi, de acordo com fontes da par do negócio.  A tele carioca está vendendo seus principais ativos como parte de uma revisão estratégica dentro de seu plano de recuperação judicial.

A área de celular da Oi vale cerca de R$ 15 bilhões e já é alvo de um consórcio criado pela espanhola Telefónica, dona da Vivo, e da italiana TIM. A Claro também é uma das interessadas. Em jogo, uma carteira de 33,9 milhões de clientes com presença em todo o país.

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O fundo GIC já tem 25% do capital social e votante da Algar. Nos últimos anos, a companhia mineira vem recorrendo a aquisições para crescer. Desde 2018, após a chegada do sócio asiático, já comprou a rede de telecomunicações da Cemig, concessionária de energia elétrica de Minas Gerais, e a da pernabucana Smart Telecomunicações.

Segundo uma fonte do setor que não quis se identificar, a Algar e o GIC sabem que para continuarem vivos no setor no Brasil é necessário crescer para ganhar escala. A crise gerada pelo coronavírus deixou os ativos no Brasil muito baratos, destacou essa fonte. O interesse já circula entre os fundos que são acionistas da Oi.

Na área corporativa, a Algar atua em 359 cidades, em 16 estados e Distrito Federal. No varejo, a companhia tem concessão em 87 municípios de Minas Gerais e em áreas adjacentes com ofertas que combinam banda larga em fibra, celular e telefone fixo. Executivo do setor financeiro lembrou que o fundo de Cingapura quer ampliar o tamanho da Algar para "maximar o valor do investimento feito na companhia'".

A compra da operação móvel da Oi também poderia servir como uma "plataforma" para a implantação da rede 5G, cujo leilão deve ocorrer em 2021, conforme já revelou O Globo. A venda da operação móvel da Oi é assessorada pelo banco Bank of America.

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Para essas fontes, a disputa pela operação móvel da Oi tende a ganhar força no mês de julho e o fundo de Cingapura já estaria com recursos prontos para investir.

Os interessados pelo ativo da Oi pretendem alinhar um acordo antes de agosto, quando a tele carioca fará uma assembleia com seus credores definindo os novos parâmetros para seu processo de recuperação judicial. Pela proposta, a Oi S.A. terá quatro unidades independentes, como a móvel (avaliada em R$ 15 bilhões), a fibra (R$ 25 bilhões), as torres (R$ 1 bilhão) e os data centers (de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões).

Segundo uma outra fonte do setor, Vivo e TIM já avançaram no processo de proposta para comprar a Oi. A ideia é que a Vivo fique com a carteira de clientes da Oi no Nordeste e a TIM com as linhas em operação em Minas Gerais, por exemplo. Essa fonte destacou que a Claro poderia ficar com "uma parte residual dos clientes".

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O receio das principais rivais da Oi é que o Cade, que regula a concorrência no Brasil, trave o negócio e crie barreiras para dar o aval. Por isso, observou a fonte, uma quarta empresa com baixa participação de mercado teria mais chances de ter o negócio aprovado.

Venda será em leilão

Segundo fato relevante publicado pela Oi há duas semanas, a definição de proposta vencedora se dará pelo maior preço oferecido acima do preço mínimo. Será uma espécie de leilão de propostas fechadas para aqusição de 100% da operação móvel. Porém, existe a possibilidade de a Oi escolher a segunda melhor proposta, "desde que com preço, no máximo, 5% inferior àquele apresentado na proposta de maior valor".

Nesse nova configuração proposta aos credores, toda a dívida da recuperação judicial ficará na Oi S.A. Com isso, todas as outras unidades serão vendidas sem dívida. Esse modelo cria um segurança jurídica para os investidores.

Outro pilar importante no plano de venda de ativos da Oi, liderada por Rodrigo Abreu, é a rede de fibra óptica, que será reunida numa nova companhia chamada InfraCo. O objetivo inicial é vender de 25% a 51% das ações a um novo investidor. É um negócio que pode gerar, no mínimo, R$ 6,5 bilhões.

Procuradas, Algar e Oi não comentaram.