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Economia

Veja o impacto até agora das principais medidas de crédito anunciadas pelo governo

Ações incluem financiamento para bancar salários e empréstimos a pequenos negócios. Resultado está abaixo do esperado
A pandemia de coronavírus fez o consumo despencar, afetando as empresas Foto: Leo Martins / Agência O Globo
A pandemia de coronavírus fez o consumo despencar, afetando as empresas Foto: Leo Martins / Agência O Globo

BRASÍLIA - O governo anunciou nesta segunda-feira uma ampliação da linha de crédito para ajudar empresas a pagarem salários dos funcionários . O financiamento, agora, poderá ser feito por empresas com faturamento de até R$ 50 milhões, em vez de ser restrito a pequenos e médios negócios e vai permitir que elas demitam metade dos funcionários. A medida faz parte de um rol de ações que, até agora, tiveram resultados abaixo do esperado.

Levantamento do GLOBO mostra quanto das linhas de empréstimos anunciadas até agora pelo governo para reduzir os efeitos da crise do coronavírus chegaram às mãos das empresas.

Em grande parte, as ações visam a atingir pequenas, médias e grandes empresas para evitar falências e desemprego. São facilidades para financiamentos, mais empréstimos para bancos e recursos para pagamento de salários.

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Veja o que foi liberado até agora

Financiamento de folha de pagamento

O programa de financiamento de folha de pagamento para pequenas e médias empresas foi anunciado no fim de março.  A linha de R$ 40 bilhões por dois meses tem condições especiais, como juros a 3,75% ao ano. Além disso, 85% (R$ 34 bilhões) são subsidiados pelo Tesouro Nacional. O restante são recursos dos bancos.

De acordo com o BC, até o dia 21 de maio, R$ 1,8 bilhão tinha sido contratado. Esse valor foi repassado a 76.823 empresas e 1,3 milhão de empregados.

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No início do mês, dia 4, o número era de 19.304 empresas e 304.091 empregados. Na época, eram R$ 413,5 milhões de financiamento concedido.

A evolução dos números mostra, que do início do mês para cá, o valor concedido cresceu mais de quatro vezes, mas ainda representa apenas 4,6% do total de recursos disponíveis. A equipe econômica já admite que terá que fazer mudanças no projeto.

Estimado: R$ 40 bilhões

Liberado até agora: R$ 1,8 bilhão

Alternativas: De calçados a montadoras, propostas próprias para destravar crédito

Crédito para pequena empresa

O BNDES emprestou R$ 3 bilhões em capital de giro para pequenas e médias empresas, com faturamento de até R$ 300 milhões por ano. De acordo com o banco, as empresas médias representaram 66% do crédito tomado. As pequenas, 28% e as microempresas, 6%.

Voltada para a micro e pequena empresa, o Congresso aprovou, no fim de abril, o projeto que cria o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ( Pronampe ), que deve direcionar R$ 15,9 bilhões em crédito para a área. O projeto foi sancionado com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada.

A lei estipula uma taxa de juros igual à Selic, que atualmente está em 3%, mais 1,25% sobre o valor concedido. A carência de oito meses que estava prevista no projeto aprovado foi vetada por Bolsonaro.

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No fim de abril, a Caixa e o Sebrae lançaram uma linha de crédito de R$ 7,5 bilhões para micro e pequenas empresas. A liberação desse crédito começou no dia 22 de abril. Foram 195 mil cadastros de empresas interessadas na linha e R$ 627 milhões foram concedidos.

Empréstimos do BC para instituições financeiras

Entre as medidas que liberam R$ 1,2 trilhão no sistema bancário, o Banco Central anunciou uma nova linha de empréstimos para instituições financeiras com potencial de colocar R$ 670 bilhões no mercado. A autoridade monetária estava preocupada que uma possível falta de liquidez (recursos) nas instituições financeiras fizesse com que elas parassem de conceder empréstimos.

No último dia 12, o BC anunciou a liberação de R$ 17,5 bilhões para 17 instituições financeiras nessa linha de crédito. Essa é o resultado da primeira liberação. Na mesma nota, o Banco Central marcou uma nova liberação para o fim do mês e disse que iria continuar com os financiamentos até o final do ano.

Estimado: Entre R$ 650 bilhões e R$ 670 bilhões

Liberado até agora (12/05): R$ 17,5 bilhões a 27 instituições financeiras

Crédito para materiais hospitalares

Com foco na compra de materiais médicos e hospitalares, o BNDES lançou uma linha de crédito de R$ 2 bilhões , com vigência até o fim de setembro. Dados do dia 20 mostram que foram realizadas sete operações no total de R$ 198,2 milhões. Segundo o BNDES, os recursos foram destinados para entrega de 2.662 novos leitos, 500 mil testes rápidos e 1.500 monitores.

Estimado: R$ 2 bilhões

Liberado até agora: R$ 198,2 milhões

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Crédito para municípios em estado de calamidade

No início de abril, o governo lançou uma linha de crédito de R$ 6 bilhões voltada para o comércio e serviços de municípios do Norte, Nordeste e Centro-Oeste que decretaram estado de calamidade pública por conta da crise. Até o dia 19, foram disponibilizados R$ 220,7 milhões.

A maior parte dos recursos foi para o Nordeste, R$ 164,4 milhões por meio de 2.159 contratos de financiamento com o Banco do Nordeste.

A região Norte recebeu R$ 56,3 milhões em 722 operações. Os empréstimos para o Centro-Oeste ainda não começaram, mas os recursos já estão disponíveis para a operação que será feita pelo Banco do Brasil.