Economia

Afetada por pandemia, locadora de veículos Hertz pede recuperação judicial nos EUA

Companhia demitiu 20 mil funcionários e acumula dívidas em torno de US$ 19 bilhões, segundo o The Wall Street Journal
Após demitir 10 mil funcionários em abril, companhia anuncia corte de mais 20 mil postos de trabalho Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP
Após demitir 10 mil funcionários em abril, companhia anuncia corte de mais 20 mil postos de trabalho Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP

A empresa de aluguel de carros Hertz, afetada pelo impacto da pandemia de coronavírus, anunciou na última sexta-feira que entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos e no Canadá. Com dívidas de cerca de US$ 19 bilhões e 700 mil veículos ociosos, a companhia demitiu 20 mil trabalhadores, metade de sua força de trabalho global, de acordo com o The Wall Street Journal.

"O impacto da COVID-19 na demanda de viagens foi repentino e dramático, levando a uma queda acentuada na receita da empresa e reservas futuras", declarou a companhia em comunicado.

A Hertz disse que tomou "medidas imediatas" para priorizar a saúde e a segurança dos funcionários e clientes e eliminar "todas as despesas não essenciais".

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"No entanto, permanece a incerteza sobre quando as receitas retornarão e quando o mercado de veículos usados voltará a reabrir inteiramente às vendas, o que exigiu ação imediata", acrescentou.

A empresa recorreu ao capítulo 11 da lei de falências nos Estados Unidos, um mecanismo que permite que uma empresa que já não pode mais pagar sua dívida se reestruture sem a pressão dos credores.

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As franquias Hertz, que não são de propriedade da empresa, não estão incluídas no procedimento do capítulo 11. As principais regiões operacionais globais da Hertz, incluindo Europa, Austrália e Nova Zelândia, não estão incluídas no pedido de falência.

Demissões

Em abril, a Hertz havia anunciado o corte de 10 mil empregos na América do Norte, 26,3% de sua força de trabalho global, para economizar dinheiro após o confinamento pelo coronavírus paralisar as viagens e a economia. O grupo explicou na sexta-feira que finalmente demitiu 20 mil pessoas, metade de sua força de trabalho global.

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"A reorganização financeira fornecerá à Hertz o caminho para uma estrutura financeira mais robusta que posicione melhor a empresa para o futuro, enquanto navega no que poderia ser uma jornada prolongada e uma recuperação econômica global", afirma o comunicado da empresa.

A direção da Hertz teme que o retorno à normalidade seja demorado, e a generalização do teletrabalho durante a pandemia levanta dúvidas sobre se a empresa será capaz de recuperar sua clientela comercial assim que a crise terminar.

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Além da pandemia de coronavírus, há alguns anos, a companhia sofre com a concorrência da Avis Budget e com serviços de transporte com motorista como o Uber.

A empresa registrou uma perda líquida anual em 2019, pela quarta vez consecutiva. Mas 2020 começou bem, com um aumento no faturamento de 6% em janeiro e 8% em fevereiro, em comparação com os mesmos meses do ano passado.