Alvaro Gribel
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Alvaro Gribel

Membro da equipe desde janeiro de 2008. Repórter e interino da coluna, escreve diretamente de São Paulo, centro financeiro e econômico do país.

Por Alvaro Gribel

A indústria automotiva brasileira deve enfrentar mais um ano de vendas e produção bem abaixo do nível pré-pandemia. Para efeito de comparação, segundo dados da Anfavea divulgados nesta sexta-feira, em 2019, o país produziu cerca de 3 milhões de veículos, em 2023 deve produzir 2,4 milhões, ou seja, 20% a menos.

O setor vem enfrentando uma série de dificuldades. A pandemia, que começou em fevereiro de 2020, desorganizou as cadeias globais de produção, afetando a importação de semicondutores, fundamentais para a produção de veículos. Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, no ano passado o país deixou de produzir 250 mil veículos por falta de componentes. Isso significa 10% do total produzido no ano, 2,37 milhões. 

Para este ano, a Anfavea diz que o problema deixará de ser de oferta, para se voltar para a demanda. Isso por causa das altas taxas de juros. Os financiamentos de veículos estão com juros de 30% ao ano, em média, e isso tem feito com que as compras a prazo representem apenas 30% do mercado.  

- Se você financia um veículo por três anos, tem um custo financeiro de quase 100% sobre a base do financiamento. O mercado hoje tem 70% das vendas à vista, e só 30% a prazo. Há três anos, era o contrário. É fundamental recuperar isso. O consumidor precisa do crédito acessível para comprar e trocar o seu veículo - explicou Lima.  

A expectativa da Anfavea é crescer a produção em 3% este ano - mas ainda se mantendo em patamar baixo, como mencionado acima. Lima também cita como fundamental que haja "previsibilidade" na economia.  

- Da nossa agenda prioritária, trocaria tudo pela previsibilidade - afirmou. 

Nas exportações, a Argentina vem perdendo participação no mercado brasileiro, pelos problemas internos que vem enfrentando na economia, mas outros países vêm comprando mais carros do Brasil, como México, Colômbia e Chile. 

O panorama do setor automotivo mostra como é importante para o país resolver o nó da política fiscal, para que o Banco Central brasileiro possa começar rapidamente a cortar a taxa básica de juros, hoje em 13,75%.  

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