Alvaro Gribel
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Alvaro Gribel

Membro da equipe desde janeiro de 2008. Repórter e interino da coluna, escreve diretamente de São Paulo, centro financeiro e econômico do país.

Por Alvaro Gribel

O Banco Central manteve a Selic em 13,75%, mas o principal da decisão está no comunicado: o Copom foi enfático em dizer que não "hesitará" em retomar o ciclo de ajuste, para cima, caso a inflação não caia conforme o esperado.  

"O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado," diz o Banco Central. 

Ao dizer que a piora das expectativas "eleva o custo da desinflação", o BC dá um recado indireto a Lula. Foi após as falas do presidente sobre mudanças na meta de inflação que as projeções passaram a subir fortemente no Boletim Focus:

"A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.  O Comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)." 

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio Leal, outro trecho importante do comunicado é o que indica que os juros devem permanecer no patamar atual por um período de tempo maior do que o previsto inicialmente pelo mercado.

"O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação", diz o Copom.

Nicolas Tingas, economista-chefe da Acrefi, acredita que a alta dos juros não é o cenário base, mas que o Copom fez questão de enfatizar que vai perseguir as metas de inflação.

"Esse não é o cenário central, mas foi mais uma vez mencionado, acredito que para mostrar que o Banco Central, como foi dito no texto, vai perseguir a convergência das metas. E a novidade é que ele cita as metas do CMN. E também vai trabalhar para ancorar as expectativas que da última reunião aqui ficaram desancoradas", afirmou o economista.

Com o comunicado, deve haver mudanças nas projeções de mercado para as taxas de juros. Hoje, o Focus estima que a Selic chegará em dezembro em 12,5%, ou seja, caindo 1,25 ponto. Agora há o risco de que não haja nenhuma redução. Com juros mais altos, explica Leal, a tendência é que as projeções para o PIB também sejam reduzidas para este ano.  

O movimento do BC comprova que as falas de Lula sobre a inflação foram um enorme tiro no pé. O presidente criou um problema onde não existia, o que acabará prejudicando o seu próprio governo e o principal: o combate à pobreza. 

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