Alvaro Gribel
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Alvaro Gribel

Membro da equipe desde janeiro de 2008. Repórter e interino da coluna, escreve diretamente de São Paulo, centro financeiro e econômico do país.

Por Alvaro Gribel

O cientista político Carlos Melo, consultor e professor do Insper, avalia que a vitória de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a presidência do Senado evitou um cenário catastrófico para o governo Lula, e para o próprio país, que seria a eleição de Rogério Marinho (PL-RN). Segundo Melo, a eventual vitória de Marinho acabaria com o sistema de pesos e contrapesos do Congresso, quando uma Casa se torna revisora da outra e evita que projetos descabidos sejam aprovados. Para Lula, a vitória é tão representativa que significa que seu governo não teve um fim antecipado, caso um aliado de Bolsonaro ocupasse o posto mais elevado do Senado.

- A eleição do Rogério Marinho não seria um caos apenas para judiciário, com a criação de CPIs. O maior problema seria o Brasil perder o Senado, que agiu fazendo contrapeso para as loucuras que foram aprovadas na Câmara na gestão passada. Pautas-bombas, questões fiscais, agenda de costumes, tudo que vinha de lá Pacheco colocava na gaveta. Se Marinho tivesse vencido, ia juntar a fome com a vontade de comer - afirmou. 

Na Câmara, a vitória recorde de Arthur Lira (PP-AL) não significa que ele seja dono de todos os 464 votos, diz Melo. Apenas que o acordo com Lula foi cumprido, e teve como contrapartida a aprovação da PEC da Transição e a formação do Ministério. Agora, haverá a necessidade de novas negociações, porque o centrão, diz, cobra "por tarefa", e não atua com uma lógica de atacado. 

- O Padilha (ministro das Relações Institucionais) vai ter que trabalhar muito. E Lula vai ter que engolir muito sapo. Isso faz parte. O importante é que Lula não repetiu o erro de Dilma, de ganhar uma eleição apertada e achar que isso lhe dá poder. Na verdade, lhe dá o direito, o cargo, a autoridade, mas o poder é compartilhado. Agora, cada projeto terá uma negociação diferente. E isso vai ser uma dificuldade para o presidente – afirmou. 

Melo acha que a aprovação da reforma tributária está madura no país, e é resultado de décadas de debates e propostas. Assim como aconteceu com a Previdência. Entende que a tramitação não será fácil, mas que as eleições de Pacheco e Lira abrem caminho para que o novo arcabouço fiscal seja aprovado este ano, assim como as mudanças da tributação do consumo.

Mesmo com a vitória de Pacheco e Lira, Lula ainda corre um enorme risco. Ao negociar com o centrão e trazer esses políticos para dentro do governo, o presidente abre espaço para que o tema corrupção volte a assombrar uma gestão petista. E esse assunto, diz Melo, funcionará como "kriptonita" para o atual presidente.

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