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Economia

Ano novo, roupa repaginada: cresce a procura por pequenos reparos com a volta aos escritórios

Costureiras e sapateiros registram aumento na demanda. Inflação alta, com peças novas mais caras, também influencia
 Adriana Cardoso tem um brechó em Copacabana e comemora o aumento da busca por consertos Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Adriana Cardoso tem um brechó em Copacabana e comemora o aumento da busca por consertos Foto: Leo Martins / Agência O Globo

RIO —  O retorno de grande parte das atividades presenciais nos últimos meses trouxe uma “preocupação” extra para muitas pessoas: o tempo em casa também fez efeito nas roupas e calçados. É a calça que não serve mais, o sapato social com a sola descolando, a blusa manchada de mofo, acessórios descascando devido à falta de uso e por aí vai.

Quem já não ficou com o salto de sandália perdido na calçada antes de entrar no escritório ou precisou improvisar com a costura da calça que arrebentou com os quilos a mais trazidos pela pandemia? Susto para uns, lucro para outros.

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A busca por pequenos consertos disparou e trouxe alívio para costureiras, sapateiros e ateliês. Pesa na equação também a alta da inflação: com os preços de peças novas nas alturas, renovar as antigas virou a primeira opção para muitos consumidores.

— Eu só tenho dois sapatos de trabalho e um deles estava completamente descascado e com a sola presa pela metade. Fiquei com dó de jogar fora, e mais dó de mim por talvez precisar gastar meu dinheiro com um novo — brinca o professor Renato de Almeida, de 36 anos, de Sorocaba (SP). — Está tudo muito caro, então o que tiver para economizar, eu topo.

Dona de um brechó em Copacabana, Adriana Maria Nunes Cardoso, de 49 anos, conta que a retomada tem sido bastante movimentada. Durante o pico da pandemia, a carioca viu a busca pelos serviços despencar, o que afetou, e muito, a renda no fim do mês. O local, que divide com as irmãs, teve que ficar fechado durante meses devido às restrições para conter a Covid-19, e só recentemente voltou à ativa. Porém, o momento parece ser outro agora.

— Já voltou uns 80% do que era antes. Muita gente emagreceu ou ganhou peso durante a pandemia, então agora estão notando que precisam fazer uns ajustes nas roupas que tinham para poder usar de novo — conta Adriana, que está no ramo há mais de 10 anos. — Tem também roupa que estragou no armário e precisa ser tingida. Há busca de todo tipo de serviço de reparos.

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O crescimento na demanda foi notado também pela costureira Lourdes Maria Silva, de 56 anos. Ao contrário de Adriana, ela atende no quintal da própria casa, na Tijuca, Zona Norte. Viúva, a costureira diz que passou dificuldades durante a pandemia:

— Tive que atender a domicílio por alguns meses, ou não conseguiria me sustentar. Felizmente a procura tem aumentado bastante e eu voltei a atender só aqui em casa. Ainda não está 100%, mas espero que as coisas melhorem.

*Estagiária sob a supervisão de Luciana Rodrigues