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Faça você mesmo: restaurantes vendem ingredientes a quem quer dar toque de chef em casa

Mudança de hábitos com pandemia leva a novas práticas nos negócios de alimentação
João Zuddio viu na venda de cortes crus uma oportunidade de negócio para sua churrascaria Foto: FILICO / Divulgação
João Zuddio viu na venda de cortes crus uma oportunidade de negócio para sua churrascaria Foto: FILICO / Divulgação

RIO - De olho na mudança de hábito dos consumidores, restaurantes do Rio estão adaptando seus produtos para que, no lugar de apenas comprar no delivery ou pegar uma quentinha, os clientes tenham a opção de comprar os ingredientes e prepará-los em casa.

No restaurante Churrasqueira, em Ipanema, o chef e sócio João Zuddio conta que, antes da pandemia, vez ou outra algum frequentador pedia para comprar um corte cru para preparar o churrasco em casa. Agora, além da entrega da comida quentinha, a venda da carne refrigerada com acompanhamentos se tornou estratégica para o negócio.

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Foram criados quatro kits e os preços dependem da peça. Para até três pessoas, por exemplo, o mais barato, que custa R$ 96, leva maminha Angus, linguiça, pão de alho, carvão, vinagrete e farofa. Os cortes mais pedidos, segundo ele, são picanha, bife de chourizo, miolo de alcatra e o baby beef. Apenas o frango já vai com o tempero da casa.

— Vimos que o hábito das pessoas mudou e muitas despertaram para o gosto de cozinhar em família. As pessoas passaram a pedir mais o corte cru, por isso, adiantamos a ideia que tínhamos de aumentar a venda destas peças — diz o chef, que planeja, ainda, criar uma série de vídeos com dicas de churrasco e, na pós-pandemia, um empório com outros itens à venda, como os molhos.

Já a Slow Bakery, de pães artesanais, em Botafogo, está desde o início do fechamento dos estabelecimentos operando com delivery, mas, em maio, uma nova ideia ajudou a dar um gás nas contas e a contribuir para a febre de se fazer pão em casa.

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— Nós compramos uma grande quantidade de equipamentos porque tínhamos um curso previsto para começar agora. Devido à pandemia, não aconteceu, mas ficou o material que precisava de um destino, então, decidimos vendê-los com os ingredientes e ensinar os nossos clientes a fazer o pão em casa. Em menos de uma hora que divulgamos, vendemos 30 kits — lembra a sócia Ludmila Espíndola.

Ela acrescenta: — Acreditamos que compartilhar a cultura do pão e ensinar a fazer fortalece a cadeia toda e estimula outros pequenos negócios.

O kit para os clientes produzirem seu próprio pão sourdough vem com banneton (um cesto de fermentação), farinha, cortador, receita, levain (massa fermentada) e um exemplar da revista com o passo a passo.

O cliente Thiago Ribas já compra os pães da Slow há algum tempo e animou-se em adquirir o kit para fazer pão pela primeira vez em casa. A fornada deu certo, porém, ele pontua que, como inciante, teve dificuldade em alguns passos.

— Achei válida a experiência e os ingredientes são de qualidade, mas senti falta de uma explicação mais visual do processo. Uma plataforma ou aula ajudaria.

A rede de massas Spoleto também criou um sistema "faça você mesmo", para as suas franquias. São três níveis de dificuldade e o cliente pode comprar a massa e molho para cozinhar em casa.

— Estamos com 55% da rede operando com o Mercato Spoleto, o equivalente a 200 restaurantes. A ideia do projeto é impulsionar ainda mais nosso sistema de delivery — afirma a diretora geral do Spoleto Viviane Barros.

Iniciativa de utilidade pública liderada por Época Negócios, Extra, O Globo, PEGN e Valor Econômico, com apoio de Stone