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Para enfrentar a crise, empresas de maquininhas dão aparelhos extras, isenção de taxas, crédito e link para pagamento

Ações são focadas nos pequenos e médios negócios para garantir a receita
Redução de taxa na mensalidade do aluguel e outras ações para pequenos e médios empreendedores Foto: Divulgação
Redução de taxa na mensalidade do aluguel e outras ações para pequenos e médios empreendedores Foto: Divulgação

RIO —  Para ajudar os estabelecimentos nesse momento de pandemia e garantir também o seu fluxo nas receitas, as empresas que operam as maquininhas de pagamento de cartão aderiram a ações especiais no período, como crédito, isenção de taxa, link para pagamento e aparelhos extra sem cobrança, especialmente para aqueles que continuam suas atividades, a exemplo dos bares e restaurantes.

Para o presidente da Stone, Augusto Lins, neste primeiro momento os empresários ainda estão mergulhados nas incertezas com os passos seguintes. Muitos fecharam as portas, mas não o negócio, e mantém os funcionários em casa ou se reorganizaram com o delivery . Ele acredita que os efeitos das primeiras semanas do isolamento social, como medida para conter o avanço do coronavírus , serão sentidos nos próximos dias quando os balanços referente a março serão fechados.

— No início do mês, o pagamento do salário é a grande preocupação. O momento é de ansiedade e tensão e os próximos dias podem ter outro rumo — diz Lins, que complementa: — Estamos vivendo algo que é transitório, é uma crise com início e fim. Não sabemos o prazo mas temos passado confiança e criado umas ferramentas para minimizar o impacto.

Entre as medidas, a Stone montou um programa no qual destina R$ 30 milhões para ações diretas de seus clientes, como isenção de mensalidade durante o período da pandemia, máquinas adicionais para operação delivery e redução de taxa cobrada nas operações da maquininha para quem foi afetado pelo fechamento compulsório do negócio. Lins explica que as ações não são para todos os clientes, cada caso está sendo avaliado.

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— Estas medidas são voltadas para quem está precisando mais, como segmentos que precisaram fechar as portas ou estão em áreas de risco.

Outras duas ações que a empresa está realizando são a disponibilização de R$ 100 milhões em microcrédito para o segmento de varejo e o lançamento de um link que permite a cobrança online de vendas já realizadas ou novas compras virtuais.

— Os empresários poderão gerar o link de cobrança pelas vendas e enviar aos clientes por WhatsApp, e-mail ou redes sociais. Uma outra novidade, que ainda estamos desenvolvendo mas ser lançada em breve, é uma outra ferramenta para ajudar lojistas de unidades físicas a venderem pela internet — adianta Lins.

Pagamento antecipado para menos de uma semana

A Rede está disponibilizando até três maquininhas extras, sem custo de aluguel e por 60 dias, para seus clientes e, em parceria com o Itaú e iFood passa a fazer o repasse dos recebíveis, que era de 30 dias, para sete dias. A condição se aplica às vendas feitas em março, abril e maio e vai antecipar R$ 2,5 bilhões nos próximos meses para os negócios que atuam com alimentação fora de casa. De acordo com a empresa, o benefício será válido para todos os bares e restaurantes vinculados à esta plataforma há mais de um mês e que realizaram vendas a partir do dia 1º de março.

— Essa antecipação do repasse das vendas vai garantir o fluxo de recursos para os empresários e atenuar os efeitos da queda no faturamento. Essa é a hora de trabalhar em duas frentes. Uma delas é garantir a continuidade do apoio aos varejistas que concentram vendas presenciais e a outra é suportar a migração das vendas para o varejo digital, em especial nas operações de entrega em domicílio — diz Marcos Magalhães, presidente da Rede.

Segundo ele, os parceiros também continuam a receber em dois dias e a custo zero os recebíveis das vendas feitas no crédito à vista por autônomos, microempreendedores, pequenos e médios negócios, ação em vigor desde fim de dezembro. Neste mês de março, a Rede prevê pagar cerca de R$ 5 bilhões aos varejistas que usufruem o benefício.

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A Cielo também disponibilizou R$ 5 bilhões para antecipação de recebíveis para os clientes da empresa que faturam até R$ 15 milhões por ano. Para o vice-presidente da companhia, Mário Casasanta, o recurso poderá apoiar os empreendedores a pagar despesas com funcionários, fornecedores e honrar outros compromissos.

Um levantamento da empresa sobre os impactos do coronavírus no varejo brasileiro aponta queda de 19,4%, no mês de março em comparação a fevereiro, sendo os setores de serviços e bens duráveis os mais afetados, com redução de 43,8% e 31,2% no faturamento, respectivamente. Supermercados, farmácias e postos de gasolina, no entanto, tiveram alta de 4,1% no período.

—  O primeiro passo foi analisar os impactos que a crise provoca no varejo. Contamos com o Índice Cielo do Varejo Ampliado, que nos dá uma boa noção do que está acontecendo em termos de vendas. Depois dessa análise, a companhia percebeu que os segmentos mais atingidos são empreendedores e médias empresas. Com a antecipação, em vez de o empresário esperar 30, 60, 90 dias para receber os valores vendidos no crédito, receberá em até dois dias — afirma Casasanta.

Aumento na demanda de crédito

Para apoiar sua carteira de clientes, o Mercado Pago eliminou as multas para atrasos nas parcelas de março dos contratos de capital de giro e registrou aumento de 106% na demanda de crédito em comparação com o mês de fevereiro. Segundo o diretor de crédito do grupo, Pedro de Paula, a medida beneficia mais de 150 mil microempreendedores no Brasil, Argentina e México que não têm acesso ao crédito bancário.

— O segmento das micro, pequenas e médias empresas será um dos mais afetados pela crise. O aumento na demanda de crédito é generalizado e por isso, estamos adotando uma série de medidas para que a inadimplência não cresça, com orientações e educação financeira — diz de Paula, que acrescenta: — Nossa base de clientes é composta em 90% por pequenos empreendedores que geralmente é um público marginalizado pelo sistema bancário tradicional.

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Para os vendedores do marketplace a Mercado Livre, que faz parte do Mercado Pago, retirou em 100% a comissão de venda sobre produtos de primeira necessidade, como artigos de saúde, limpeza e higiene pessoal, a fim dar mais margem ao vendedor e contribuir para a oferta de preços acessíveis para o consumidor. A medida envolve 690 mil produtos de 39 mil vendedores, considerando apenas a operação brasileira.

Segundo o executivo, o objetivo dessa medida é colaborar para que esses produtos cheguem àqueles que precisam, garantindo que compradores e vendedores não sofram com aumentos especulativos e, por fim, diminuir o preço final de produtos essenciais.

Pagamentos à distância avançam

As empresas de serviços financeiros têm incentivado o uso de link de pagamentos, como o que a Stone lançou, que permite aos comerciantes venderem a distância por crédito e débito, inclusive na forma parcelada, sem a necessidade de maquininha.

Para Dan Faccio, diretor financeiro da plataforma financeira Zoop, que também tem atuado no apoio aos pequenos empreendedores, além de driblar a necessidade do presencial, a modalidade também é uma opção mais prática, podendo ser compartilhada por redes sociais.

— Varejistas de diversos segmentos estão utilizando estes links para permitir a cobrança do cartão de crédito enviando ao consumidor um link no WhatsApp ou via e-mail. Com isso podem viabilizar compras remotas, realizando a entrega de produtos na casa do consumidor. Mas mesmo o uso de maquininhas na entrega tem sido um recurso

No Mercado Pago, o número de transações com link de pagamentos cresceu mais de 300%, somente na primeira quinzena de março de 2020, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Já na Cielo a alta foi de 250% desde o começo da crise. Na visão de Casasanta, a modalidade  atende milhares de pequenos empresários que, do dia para a noite, passaram a vender pela internet.

Iniciativa de utilidade pública liderada por Época Negócios, Extra, O Globo, PEGN e Valor Econômico, com apoio de Stone