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Marcas centenárias lutam para sobreviver a mais uma crise

Da gripe espanhola à Covid-19, esses estabelecimentos enfrentaram de tudo
Fachada do Bar Luiz Foto: Marcelo Régua / Agência O Globo
Fachada do Bar Luiz Foto: Marcelo Régua / Agência O Globo

RIO - A deposição do imperador, o bota-abaixo de Pereira Passos, a gripe espanhola, duas guerras mundiais, ditaduras, obras do Metrô, dezenas de planos econômicos... Estabelecimentos como o Café Lamas (1874), a Granado (1880) e o Bar Luiz (1887) resistiram a tudo isso. Mas como estão sobrevivendo à pandemia de Covid-19?

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No Café Lamas, no Flamengo, a solução encontrada pelo empresário Milton Brito foi manter o serviço de entregas e fazer uma escala entre os funcionários para garantir alguma renda. Segundo ele, houve queda de 70% na receita, algo inédito para o restaurante que completou 146 anos de existência no último dia 4.

O momento mais difícil foi em 1974, quando o Lamas teve que se mudar de sua sede original, no Largo do Machado, demolida nas obras do Metrô.

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- Quando houve a grande inflação e o Plano Collor, foi um Deus nos acuda, mas era mais fácil negociar com os bancos — diz Brito, que, na atual crise, ainda não teve êxito em acordos, mas está confiante. - Já passamos por tantas coisas. Venceremos esta também.

Bar rebatizado

Já o Bar Luiz está fechado no momento, e com contratos suspensos. A empresária Rosana Santos trabalhou com o delivery por uma semana após o fechamento do comércio, mas sem sucesso. Entretanto, ela pensa em tentar novamente. No ano passado, a casa quase fechou de vez, mas foi salva no último momento por um grande movimento criado pelos clientes.

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Entre as agruras passadas, Rosana fala de um famoso episódio durante a Segunda Guerra. Era 1942, e a casa de chope e comida alemã ainda se chamava Bar Adolf.

- Um dia, os estudantes do Colégio Pedro II invadiram o bar para quebrar tudo por causa do nome. Foi então que o compositor Ary Barroso, que estava tomando um chope, subiu em uma cadeira e explicou que o nome do bar homenageava um antigo dono, Adolf Rumjaneck, e nada tinha a ver com o ditador Adolf Hitler. Os estudantes se convenceram e saíram dali para quebrar o Bar Berlim (hoje Bar Lagoa) - conta Rosana.

De toda forma, o Bar Adolf acabou sendo rebatizado como Bar Luiz...

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Vendas on-line

Na Granado, a saída tem sido investir no digital, principalmente com ações no Instagram e a venda on-line de estoques. A empresa lançou álcool em gel e líquido e, nesta semana, põe no mercado um sabonete líquido antisséptico.

As lojas estão fechadas e a fábrica aberta. Segundo a diretora de Marketing e Vendas, Sissi Freeman, desde o início da pandemia, as vendas on-line cresceram dez vezes em volume e 500% em valores.

- Acredito que essa mudança para o digital é algo que veio e vai continuar depois da pandemia.