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Restaurantes no Rio se unem e montam delivery coletivo e cozinhas compartilhadas

Modelo de negócio adota cardápios reduzidos, porém, com mais opções de pratos
Ricardo Linck: 'No coletivo há troca e maior fidelização do cliente' / Crédito: Maya Linck Foto: Maya Linck
Ricardo Linck: 'No coletivo há troca e maior fidelização do cliente' / Crédito: Maya Linck Foto: Maya Linck

RIO — Na premissa de que a união faz a força, um grupo de empresários em Laranjeiras e Cosme Velho, na Zona Sul, criou uma espécie de praça de alimentação virtual, o Mesa Local, para se fortalecerem nesse momento em que a maioria só opera nas entregas. Nele, o cliente desses bairros e arredores entra no site (que em um mês terá aplicativo) e escolhe de onde quer o seu pedido.

Os pedidos e entregas são gerenciados por uma plataforma de delivery contratada pelo grupo. Entretanto, a diferença desse modelo coletivo é que, ao entrar no cardápio selecionado, o pedido segue diretamente com o restaurante, e não com o aplicativo, como geralmente acontece. Cada restaurante tem o seu motoboy.

Além de fortalecer a economia local, uma das propostas do Mesa Local é também diminuir as taxas de entrega que nas grandes redes chega a 27% por pedido. Até agora são sete estabelecimentos cadastrados: Armazém Cardosão, Maya Café, Due Amici Gelateria, Luigis, Sushimar, Vezpa (Largo do Machado) e Orange Burger.

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— É uma alternativa de um custo menor para o delivery, como um iFood local. Isso significa, em termos de operação, baixar as taxas e ter uma entrega regionalizada — afirma a publicitária e uma das idealizadoras do projeto Karla Mourão.
Ela conta que o Mesa Local nasceu a partir de um coletivo que já existe no comércio desta região chamado de Território Fértil, cuja proposta é o apoio mútuo entre os comerciantes da região para estabelecer a economia local. Outra diferença que Karla destaca é que as taxas cobradas são fixas e sobre o faturamento do restaurante na plataforma. A adesão no grupo é de R$ 160 e o pagamento mensal varia entre R$ 199 e R$ 799, conforme o faturamento do restaurante dentro da plataforma.

Ricardo Linck, proprietário de um dos restaurantes do coletivo, o Maya Café, acredita que o projeto é financeiramente mais vantajoso que os demais aplicativos — embora ele ressalte que o iFood, aplicativo que usa, tem lhe sido muito útil para os seus negócios. Porém, para ele, o principal atrativo é a regionalização, especialmente em uma região que valoriza o comércio local.

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— O que vale mais a pena nesse projeto é a proximidade e a fidelização com o cliente, sem contar que nesse grupo há um troca, uma inteligência coletiva, em que um ajuda o outro. Todos se fortalecem juntos.

Cozinhas colaborativas

Também na ideia de juntar para se fortalecer, os bares Mr. Lam e Stuzzi se uniram. Com o salão fechado temporariamente e a cozinha funcionando apenas para entregas, o Mr. Lam cedeu seu bar vermelho da casa na Lagoa para os mixologistas da Stuzzi. Assim, além das entregas individuais, eles desenvolveram um menu especial que entrega junto os drinques do Stuzzi e as entradinhas asiáticas do Lam.

— A ideia veio das já famosas lives que acontecem semanalmente e pedem um acompanhamento de bar, como drinques e entradinhas, para completar a diversão — explica o gerente do Mr. Lam, Éder Heck.

O TZ Leblon, que tem um cardápio italiano, por sua vez, abriu espaço em uma segunda cozinha do restaurante para a chef Juliana Palhares, do Moshio, para oferecer comida asiática aos seus clientes.

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— É uma empresa com dois cardápios mais enxutos e ao mesmo tempo com mais opções — explica Jorge Conterno, dono do TZ Leblon, que completa: — É o mesmo delivery, próprio. Quando é perto, o garçom leva. Se for mais longe, temos o motoboy.

Segundo ele, a união está fortalecendo o negócio nesse momento de pandemia. — Estamos fazendo entregas e ainda não dispensamos os 12 funcionários com esse modelo de negócio. Essa é a forma que conseguimos para tentar sobreviver.


Iniciativa de utilidade pública liderada por Época Negócios, Extra, O Globo, PEGN e Valor Econômico, com apoio de Stone