Economia

Após PIB de 2019 e com coronavírus, bancos cortam projeções. Brasil pode crescer só 1,5% em 2020

Citi revê estimativa para 1,6%. Santander pode diminuir previsão para 1,7%. Goldam Sachs prevê 1,5%
Montadora em São Paulo: PIB deve crescer menos este ano Foto: Christiano Diehl Neto / Agência O Globo
Montadora em São Paulo: PIB deve crescer menos este ano Foto: Christiano Diehl Neto / Agência O Globo

SÃO PAULO - Após a divulgação do resultado do PIB de 2019 pelo IBGE na manhã desta quarta-feira e diante dos impactos do surto de coronavírus para a economia mundial , bancos já revisam para baixo sua projeção para o crescimento do Brasil este ano.

Em relatório enviado a clientes, o Citibank reduziu de 2% para 1,6% sua projeção para o PIB brasileiro em 2020. O Santander , por sua vez, informou que poderá diminuir de 2% para 1,7% sua estimativa para o crescimento da economia brasileira este ano.

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O Goldman Sachs já havia reduzido na segunda-feira sua previsão para o crescimento do país em 2020 para 1,5%.

O IBGE informou na manhã desta quarta-feira que o PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2019, na menor expansão desde o fim da recessão brasileira. No ano passado e em 2017, o PIB havia crescido 1,3% a cada ano.

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Para Lucas Nóbrega, economista do banco Santander, o resultado do PIB de 2019 frustrou as expectativas do mercado, em particular no setor de serviços. O impulso ao consumo com as novas regras de saque do FGTS, por exemplo, veio menor que o esperado no quarto trimestre .

A projeção inicial do Santander era de um saque de 100% dos recursos do FGTS à disposição – no fim das contas, apenas 75% do volume (algo como R$ 6 bilhões) chegaram ao bolso dos trabalhadores contribuintes ao fundo.

– O crescimento em 2020 deve ficar entre 1,6% e 1,7% – disse Nóbrega em conferência a jornalistas na manhã desta quarta-feira, pouco após divulgação dos resultados do PIB de 2019.

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O cenário do banco considera a aprovação da PEC Emergencial pelo Congresso em 2020 e o andamento das discussões para a reforma tributária e administrativa, mas elas não devem ser concluídas neste ano, na visão do banco.

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O Citi já havia cortado de 2,2% para 2% sua projeção para o PIB brasileiro no fim de janeiro. Mas, com os efeitos mais severos do do coronavírus e, diante da constatação de que a liberação dos recursos do FGTS pode ter um impacto menor na demanda doméstica do que inicialmente previsto, o banco reduziu novamente sua estimativa para o crescimento deste ano.

O Goldman Sachs, por sua vez, destaca em relatório que o surto do coronavírus vai afetar a indústria, o turismo e o setor de serviços no mundo inteiro, além de levar a uma queda nos preços de commodities (máterias-primas básicas). Além disso, uma maior aversão a risco nos mercados globais piora o cenário para o Brasil.