SUEZ, EGITO - Com uma cerimônia para assinatura do acordo, o cargueiro Ever Given começou, finalmente, a sair do Canal de Suez nesta quarta-feira, onde estava detido há quase quatro meses . O navio de 400 metros, um dos maiores porta-contêineres do mundo, estava no Grande Lago Amargo, no Egito, desde que foi desencalhado, no fim de março.
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A embarcação ficou encalhada apenas seis dias. Mas a Autoridade do Canal de Suez (ACS), responsável pela hidrovia, impediu que o navio seguisse adiante até que seu proprietário lhe pagasse uma indenização por danos durante o bloqueio do canal.
A autoridade chegou a recorrer à Justiça para deter o cargueiro. As negociações com a dona do navio, a japonesa Shoei Kisen, e suas seguradoras, se estenderam por semanas, até a assinatura do acordo.
- Anuncio ao mundo que fechamos um acordo - disse o chefe da Autoridade do Canal de Suez, Osama Rabie, em uma cerimônia com as bandeiras do Egito e do Japão.
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A saída do navio foi acompanhada por um repórter da Reuters, a bordo de um barco. O cargueiro, que transporta cerca de 18,3 mil contêineres, será escoltado por dois rebocadores e guiado por dois pilotos experientes enquanto atravessa o canal, uma das vias navegáveis mais movimentadas do mundo, em direção ao Mediterrâneo.
Indenização de US$ 550 milhões
Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial transita pelo Canal de Suez, que é a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia.
A responsável pelo Canal chegou a exigir US$ 916 milhões em compensação para cobrir esforços de salvamento, danos à reputação e perda de receita, mas o pedido foi reduzido para US$ 550 milhões.
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Os valores finais não foram divulgados, mas Rabie disse que o acordo também prevê o envio de um rebocador de 75 toneladas para o Egito e uma indenização à família de um trabalhador morto nas operações para desencalhar o navio.
No meio dessa disputa, estavam os 25 tripulantes de origem indiana, que também ficaram detidos na embarcação, reféns de um conflito multimilionário envolvendo o navio de bandeira panamenha, propriedade de uma holding japonesa e operada por uma empresa alemã.
Chegou-se até a pensar que eles poderiam permanecer por anos no navio, enquanto as divergências sobre o valor da indenização não fossem solucionadas.
Disputas pelo canal desde 1869
O Ever Given encalhou no canal de Suez no dia 23 de março, após sair da China com destino à cidade portuária de Rotterdam, na Holanda.
Quando ele encalhou, cogitou-se que as condições meteorológicas tivessem provocado o incidente. Logo depois, os investigadores passaram a questionar a competência da tripulação e uma possível negligência. Mas, na realidade, ainda não se sabe ao certo o que provocou o problema.
O Canal de Suez é tão estratégico que as potências mundiais lutam pela hidrovia desde que foi concluída em 1869. Aproximadamente 30% do volume mundial de contêineres de transporte transitam pelos 193 km do canal diariamente
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Uma estimativa aproximada mostrou que o bloqueio afetou cerca de US$ 9,6 bilhões em tráfego por dia, de acordo com cálculos da Lloyd's List.
Um bloqueio como este no Canal de Suez é um evento raro na história das principais rotas marítimas comerciais. Desde o início da operação do Canal, em 1869, houve apenas cinco interrupções do tráfego de navios.
Para retirar o navio, que parecia uma baleia encalhada, na opinião de alguns analistas, foram necessários seis dias, praticamente uma operação de guerra. Dragas de sucção especial foram usadas para mover entre 15 mil a 20 mil metros cúbicos de areia e lama, o equivalente à capacidade de oito piscinas olímpicas.
Depois de várias tentativas infrutíferas, no dia 29 de março, finalmente o navio estava livre.