Após quase 4 meses, navio Ever Given é liberado do Canal de Suez. Veja vídeo

Cargueiro de 400 metros bloqueou uma das rotas marítimas mais usadas do mundo. Cerimônia marcou liberação do cargueiro
Jornalistas em um barco próximo filmam o porta-contêineres Ever Given, que levantou âncora nesta quarta-feira, depois que foi realizada uma cerimônia para marcar a saída da embarcação do Canal de Suez Foto: AFP

SUEZ,  EGITO - Com uma cerimônia para assinatura do acordo, o cargueiro Ever Given começou, finalmente, a sair do Canal de Suez nesta quarta-feira, onde estava detido há quase quatro meses . O navio de 400 metros, um dos maiores porta-contêineres do mundo, estava no Grande Lago Amargo, no Egito, desde que foi desencalhado, no fim de março.

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A embarcação ficou encalhada apenas seis dias. Mas a Autoridade do Canal de Suez (ACS), responsável pela hidrovia, impediu que o navio seguisse adiante até que seu proprietário lhe pagasse uma indenização por danos durante o bloqueio do canal.

A autoridade chegou a recorrer à Justiça para deter o cargueiro. As negociações com a dona do navio, a japonesa Shoei Kisen, e suas seguradoras, se estenderam por semanas, até a assinatura do acordo.

- Anuncio ao mundo que fechamos um acordo - disse o chefe da Autoridade do Canal de Suez, Osama Rabie, em uma cerimônia com as bandeiras do Egito e do Japão.

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Depois de quase quatro meses, o porta-containeres Ever Given, que ficou encalhado no Canal de Suez por seis dias em março, levantou âncora depois que as autoridades egípcias e o proprietário japonês do navio assinaram um acordo para liberar a embarcação. Foto: MAHMOUD KHALED / AFP
Repórteres, fotógrafos e cinegrafias viajam em um barco a caminho da área onde o Ever Given, um dos maiores navios de contêineres do mundo, inicia a operação para deixar o Canal de Suez Foto: AMR ABDALLAH DALSH / REUTERS
Um homem tira uma selfie tendo ao fundo o Ever Given que começou a zarpar para partir depois de quase quatro meses estacionado no Canal de Suezque, a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia. Foto: AMR ABDALLAH DALSH / REUTERS
Poucas semanas após o encalhe,  Marwa Elselehdar, primeira mulher capitã de navio do Egito, foi surpreendida com rumores na internet de que ela era a culpada pelo incidente. Foto: Arquivo pessoal
Representantes da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF) visitaram a tripulação do Ever Given Foto: Divulgação/ Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF)
Rebocadores alinham gigante Ever Given, no Canal de Suez. De acordo com a Autoridade do Canal de Suez (SCA), o meganavio começou a flutuar parcialmente e foi reorientado em 80% "na direção correta" Foto: HANDOUT / VIA REUTERS
Encalhamento causou congestionamento de mais de 450 navios, esperando para sair ou a caminho do Suez. Foto: AHMED HASAN / AFP
Rebocador trabalha durante a noite para desencalhar navio cargueiro gigante Foto: AHMED HASAN / AFP
Canal de Suez, no Egito, é rota para cerca de 12% do comércio global Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS
Navio cavador trabalha para libertar o navio Ever Given Foto: HANDOUT / VIA REUTERS
Vista aérea do canal do Suez, onde o navio Ever Given ficou encalhado Foto: DigitalGlobe/ScapeWare3d / DigitalGlobe/Getty Images
Navio gigante ficou preso, atravessado no canal de Suez e impedindo a passagem em uma das rotas comerciais mais importantes do mundo Foto: MAXAR TECHNOLOGIES / via REUTERS
Uma vista mostra o navio de contêiner encalhado Ever Dado, um dos maiores navios de contêiner do mundo, depois de encalhar, no Canal de Suez, Egito Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS
Escavadeira foi usada para liberar bulbo do navio, que atingiu a margem do Canal de Suez Foto: - / AFP
Rebocadores egípcios trabalham para libertar o MV Ever Given (Evergreen) Foto: - / AFP
Imagem de satélite da Maxar Technologies mostra o Ever Given atravessado no Canal de Suez Foto: MAXAR TECHNOLOGIES / VIA REUTERS
O navio encalhado Ever Given, um dos maiores navios porta-contêineres do mundo, é visto depois de encalhar, no Canal de Suez, Egito Foto: HANDOUT / VIA REUTERS

 

A saída do navio foi acompanhada por um repórter da Reuters, a bordo de um barco. O cargueiro, que transporta cerca de 18,3 mil contêineres, será escoltado por dois rebocadores e guiado por dois pilotos experientes enquanto atravessa o canal, uma das vias navegáveis mais movimentadas do mundo, em direção ao Mediterrâneo.

Indenização de US$ 550 milhões

Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial transita pelo Canal de Suez, que é a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia.

A responsável pelo Canal chegou a exigir US$ 916 milhões em compensação para cobrir esforços de salvamento, danos à reputação e perda de receita, mas o pedido foi reduzido para US$ 550 milhões.

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Os valores finais não foram divulgados, mas Rabie disse que o acordo também prevê o envio de um rebocador de 75 toneladas para o Egito e uma indenização à família de um trabalhador morto nas operações para desencalhar o navio.

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Cargueiro havia bloqueado hidrovia por seis dias em março

 

No meio dessa disputa, estavam os 25 tripulantes de origem indiana, que também ficaram detidos na embarcação, reféns de um conflito multimilionário envolvendo o navio de bandeira panamenha,  propriedade de uma holding japonesa e operada por uma empresa alemã.

Chegou-se até a pensar que eles poderiam permanecer por anos no navio, enquanto as divergências sobre o valor da indenização não fossem solucionadas.

Disputas pelo canal desde 1869

O Ever Given encalhou no canal de Suez no dia 23 de março, após sair da China com destino à cidade portuária de Rotterdam, na Holanda.

Quando ele encalhou, cogitou-se que as condições meteorológicas tivessem provocado o incidente. Logo depois, os investigadores passaram a questionar a competência da tripulação e uma possível negligência. Mas, na realidade, ainda não se sabe ao certo o que provocou o problema.

Representantes da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF) visitaram a tripulação do Ever Given Foto: Divulgação/ Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF)

O Canal de Suez é tão estratégico que as potências mundiais lutam pela hidrovia desde que foi concluída em 1869. Aproximadamente 30% do volume mundial de contêineres de transporte transitam pelos 193 km do canal diariamente

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Uma estimativa aproximada mostrou que o bloqueio afetou cerca de US$ 9,6 bilhões em tráfego por dia, de acordo com cálculos da Lloyd's List.

Um bloqueio como este no Canal de Suez é um evento raro na história das principais rotas marítimas comerciais. Desde o início da operação do Canal, em 1869, houve apenas cinco interrupções do tráfego de navios.

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Para retirar o navio, que parecia uma baleia encalhada, na opinião de alguns analistas, foram necessários seis dias, praticamente uma operação de guerra. Dragas de sucção especial foram usadas para mover entre 15 mil a 20 mil metros cúbicos de areia e lama, o equivalente à capacidade de oito piscinas olímpicas.

Depois de várias tentativas infrutíferas, no dia 29 de março, finalmente o navio estava livre.