BUENOS AIRES - O governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, enfrenta nesta terça-feira um teste crucial no mercado local, o vencimento de 671 bilhões de pesos (US$ 27 bilhões, aproximadamente) em letras do Banco Central (as chamadas Lebacs), e analistas temem uma pressão ainda maior sobre a cotação do dólar, que na última segunda-feira subiu mais de 7% e fechou acima dos 25 pesos. O presidente argentino parece disposto a tudo para acalmar os mercados e dar sinais de confiança aos argentinos e ao mundo. Segundo publicou nesta terça o jornal “Ambito Financeiro”, Macri teria decidido até mesmo não presenciar a cerimônia de início da Copa do Mundo, na Rússia, como gesto simbólico de sua política rigorosa de ajuste fiscal.
LEIA MAIS :
No Brasil, dólar é negociado em alta nesta terça-feira
Banco Central da Argentina vende dólar a 25 pesos em medida para tentar limite para moeda
De acordo com o “Ambito Financeiro”, um dos principais jornais econômicos do país, o presidente quer aproveitar a crise – que seu governo nega que seja uma crise – para aprofundar medidas de ajuste e exigir que governos estaduais e municipais façam o mesmo. “Os que conhecem bem Macri sabem que ele reclama permanentemente um ajuste do gasto público. Sua frase recorrente é ‘cuidemos do dinheiro alheio’. Ele foi um dos primeiros em indicar que não deve ser realizada a compra de um (novo) avião presidencial e, também, suspendeu sua viagem à Rússia. ‘São sinais necessários’, indicaram membros do círculo presidencial”.
O vencimento das Lebacs é considerado por analistas locais como um teste da resiliência do governo. O temor é que, sem confiança no país, os investidores não renovem a contratação desses títulos e corram para comprar dólares. Isso pode ocorrer mesmo com a alta taxa de juros oferecida pelo governo - este mês, a Argentina elevou para 40% ao ano para tentar frear a alta do dólar frente ao peso.
A equipe econômica tenta mostrar-se tranquila e garante que o país atravessará esta terça e os próximos dias sem grandes dificuldades. O foco agora é iniciar formalmente as negociações de um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a partir da reunião da diretoria do organismo, na próxima sexta-feira. A Casa Rosada acredita que um entendimento com o Fundo, que deveria ser selado num prazo em torno de seis semanas, dará tranquilidade aos mercados já que vai garantir o financiamento necessário para o país até o final do mandato de Macri, em dezembro de 2019.
Perguntado sobre o que acontecerá depois, o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, insistiu em sua tese otimista:
— Depois as contas fiscais estarão mais equilibradas.
Para esta terça espera-se uma nova intervenção do BC no mercado. Desde janeiro passado, a instituição já perdeu mais de US$ 8 bilhões em reservas, que hoje alcançam em torno de US$ 55 bilhões.