Bolsonaro e Guedes deram aval à saída de Caixa e BB da Febraban

Guimarães, que preside a Caixa, levou o assunto ao presidente da República durante viagem. Desfiliação deve ser oficializada no dia da publicação do manifesto capitaneado pela Fiesp que pede harmonia dos Poderes
Bolsonaro e Guedes deram aval à saída de Caixa e BB da Febraban Foto: 11/08/2021 / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro autorizou a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil a se desfiliarem da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entidade que representa instituições financeiras do país. O assunto foi levado a Bolsonaro pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e submetido à avaliação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

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A ameaça de desfiliação dos dois bancos públicos da Febraban, revelada pelo colunista Lauro Jardim , ocorreu após a entidade aderir à nota idealizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) condenando a "escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas".

Apesar de o documento citar os três Poderes, Guimarães entendeu que o manifesto seria um recado a Bolsonaro, que tem feito ataques constantes a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O executivo da Caixa acompanhava Bolsonaro em uma viagem a Goiânia na sexta-feira, ocasião em que comunicou ao presidente a ideia de romper com a Febraban. Bolsonaro, segundo pessoas próximas, apoiou a decisão e sugeriu que Guedes fosse consultado. Por telefone, o ministro da Economia concordou com o presidente e Guimarães.

Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza CULTURA Foto: Valor Econômico/27-08-2018 / Ana Paula Paiva
O empresário Guilherme Leal, um dos líderes do Conselho de Administracao da Natura, afirmou que considera “totalmente inaceitável” que lideranças políticas questionem a realização de eleições Foto. Sergio Zacchi / Valor Foto: Sérgio Zacchi / Valor/16-10-2007
O CEO do Credit Suisse, José Olympio Pereira, diz que o mercado financeiro em particular está "surpreendentemente leniente" em relação à crise institucional provocada por Bolsonaro. Foto: Ana Paula Paiva / Infoglobo/30-5-2017
O ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, que vem defendendo que o país vive mais que uma crise fiscal, mas também política e institucional que afetam a economia Foto: Agência O Globo
Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander no Brasil, disse que o manifesto foi importante para externalizar a visão de um grupo grande e diverso Foto: Wladimir de Souza / Diario de S.Paulo 7/10/2009
Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, diz que o manifesto não menciona diretamente o presidente porque “a ideia não é fulanizar o debate” Foto: Valor Econômico
Roberto Setúbal, ex-presidente do Itaú Unibanco Foto: Marcos Alves / Agência O Globo/9-11-2016
O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Pedro Malan, que foi um dos criadores do Plano Real Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
O economista Persio Arida, ex-presidente do BNDES e do Banco Central, foi sócio do banco BTG Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Aprovação por maioria na Febraban

O imbróglio começou quando a Fiesp distribuiu a várias entidades que representam o empresariado uma nota conjunta cujo título é "A Praça é dos Três Poderes". Fazendo alusão ao endereço de Brasília onde se concentram o Congresso, STF e o Palácio do Planalto, a nota diz que deve haver harmonia entre os três Poderes.

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O texto, recebido pela Febraban, foi submetido a conselheiros, seguindo o regimento interno, e teve a aprovação da maioria.

"É primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe. As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população", diz uma versão preliminar da nota.

Segundo noticiou o colunista Lauro Jardim, Caixa e BB tentaram convencer a Febraban a não endossar a nota da Fiesp, mas o conselho da entidade com voto da maioria dos grandes bancos privados aprovou a adesão. Os dois bancos públicos ameaçaram, então, se retirar. A ideia da desfiliação deve se confirmar se a nota pública sair com o nome da Febraban entre as entidades que apoiam o documento da Fiesp.