Bolsonaro não descarta nova troca de presidente na Petrobras: ‘Pergunta pro Sachsida'

Em ato com apoiadores, presidente se referiu ao novo ministro de Minas e Energia, cujo antecessor indicou José Mauro Coelho para comandar a Petrobras no mês passado
Jair Bolsonaro anda de Jet Ski durante "Lanchaciata" de apoiadores do governo no Lago Paranoá. Foto: CRISTIANO MARIZ / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro colocou a decisão sobre a permanência do atual comando da Petrobras nas mãos do novo ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida . Em conversa com jornalistas neste domingo na Praça dos Três Poderes, Bolsonaro foi questionado sobre a permanência do atual presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, que completou neste fim de semana um mês no cargo.

— Pergunta pro Adolfo Sachsida. Ele é o ministro das Minas e Energia. (A) todos os meus ministros, eu dou carta branca para fazer valer aquilo que eles acham melhor para o seu ministério para melhor atender a população — afirmou o presidente, após participar de um ato com apoiadores que envolveu uma concentração de embarcações no lago da capital.

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Bolsonaro admitiu que Coelho está só há um mês no cargo, mas fez diversas críticas à gestão da empresa. Segundo ele, a Petrobras não estaria justificando sua finalidade social após sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis. Nas últimas semanas, Bolsonaro criticou publicamente o lucro da estatal, que atingiu mais de R$ 40 bilhões no último trimestre divulgado ao mercado.

O atual presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, que tomou posse em 14 de abril, é uma pessoa de confiança do ex-ministro Bento Albuquerque, demitido por Bolsonaro na quarta-feira .

O estopim para a queda de Bento foi o reajuste de 8,87% do diesel, anunciado por Coelho no começo da semana. Desde então, aumenta a pressão de parte do governo para uma nova troca na direção da estatal, em busca de alguém mais aberto a buscar soluções para os preços de combustíveis que possa contrariar a atual politica de preços da companhia.

Cristiano Rocha Heckert, que comandava a Secretaria de Gestão, deixou o cargo em janeiro de 2022 para assumir como diretor-presidente da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe) Foto: Divulgação
Gustavo José Guimarães e Souza também pediu demissão do cargo de secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) em janeiro de 2022 para ocupar uma função no Legislativo Foto: Divulgação/Ministério da Economia
O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, pediu demissão em outubro de 2021 logo após o governo anunciar a criação do Auxílio Emergencial com parte dos pagamentos fora do teto de gastos, algo que ele sempre se disse contra Foto: Washington Costa / Ascom/ME
O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediu demissão em outubro de 2021 junto com o secretário especial Bruno Funchal, a quem sucedeu no cargo no mesmo ano Foto: Aílton de Freitas / 20-12-2013
Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento, também pediu exoneração de seu cargo junto com Funchal, em outubro de 2021, alegando razões pessoais, em meio à crise aberta pelo projeto do Auxílio Brasil com recursos fora do teto de gastos Foto: Ministério da Economia / Reprodução
O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Cavalcanti de Araujo, também pediu exoneração de seu cargo em outubro de 2021 após a debandada provocada pelo plano de financiar o programa social Auxílio Brasil fora do teto de gastos Foto: Hoana Gonçalves / Agência O Globo
Insatisfeito com o atraso no envio da reforma administrativa ao Congresso, Paulo Uebel deixou o cargo de Secretário especial de Desburocratização em agosto de 2020 Foto: Fátima Meira / Agência O Globo
Após a crise causada pela sanção do Orçamento de 2021, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a saída de Waldery Rodrigues do cargo de secretário especial da Fazenda, em 27 de abril, a pedido do secretário. O secretário informou que combinou a substituição em dezembro do ano anterior Foto: Ascom / Edu Andrade/ME
Na dança de cadeiras do Ministério da Economia, o secretário de Orçamento Federal, George Soares, também deixou o cargo. Foto: Agência Brasil
A advogada tributarista Vanessa Canado, assessora especial do Ministério da Economia voltada à reforma tributária, pediu demissão, mas não detalhou o motivo da saída Foto: Silvia Zamboni / Valor
Presidente do BB, André Brandão, entregou o cargo no dia 18 de março. Programa de reestruturação de Brandão desagradou ao presidente Bolsonaro Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, deixa o cargo no dia 20 de março, após desagradar a Bolsonaro com reajustes de combustíveis. Ele foi indicado por Guedes Foto: AFP
Sem conseguir tirar do papel várias privatizações, Salim Mattar pediu demissão do cargo de secretário de Desestatização do Ministério da Economia em agosto de 2020 Foto: Amanda Perobelli / Reuters
Rubem Novaes pediu demissão da presidência do Banco do Brasil em julho de 2020, após queixas sobre pressão política sobre o banco, cuja privatização chegou a defender Foto: Claudio Belli / Valor/14-2-2019
Ex-ministro da Fazenda no governo Dilma, Joaquim Levy só ficou no cargo de presidente do BNDES até junho de 2019, após críticas públicas de Bolsonaro, que queria abrir a "caixa preta" do banco Foto: Marcos Corrêa / PR/13-06-2019
Nome forte das contas públicas e um dos criadores do teto de gastos, Mansueto Almeida deixou o comando do Tesouro Nacional e foi para o BTG Foto: Adriano Machado / Reuters
Marcos Cintra deixou a chefia da Receita Federal após insistir na defesa de um imposto sobre transações financeiras, nos moldes da antiga CPMF. Uma ideia fixa de Guedes Foto: Leo Pinheiro / Valor/2016
O economista Marcos Troyjo trocou o cargo de Secretário especial de Comércio Exterior pela presidência do New Development Bank, conhecido como o Banco dos Brics, por indicação do governo brasileiro Foto: Carlos Ivan / Agência O Globo 23-10-2012
Caio Megale deixou o cargo de diretor na Secretaria Especial de Fazenda em julho de 2020. Recentemente foi anunciado como novo economista-chefe da XP Investimentos Foto: Washington Costa / SEPEC/ME/15/01/2019
O secretário especial de Produtividade e Competitividade, Carlos da Costa, deixará o cargo para assumir o posto de adido de comércio em Washington Foto: Agência O Globo
O secretário da Receita Federal, José Tostes, deixará o país. Ele será adido do governo na OCDE, em Paris Foto: Edu Andrade / Ministério da Economia
Jair Bolsonaro decide demitir o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, segundo integrantes do governo, em meio à pressão por conta do aumento no preço dos combustíveis, e depois de críticas feitas pelo governo e pelo Congresso à estatal Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

 

O governo Bolsonaro está no terceiro presidente da Petrobras. As trocas ocorrem sempre por ele discordar da política de preços da empresa, que segue a paridade internacional para atender aos acionistas estrangeiros e para evitar o desabastecimento de combustíveis importadora no Brasíl. Ele já disse que o lucro da estatal é um “crime” e que não quer interferir na empresa, mas que busca “sensibiliza-lá” de sua função social.

Na sexta-feira, o governo federal entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a política de alíquotas do ICMS para o diesel. Dentro do governo, há a visão que a questão da alta de preços é prioridade neste ano eleitoral, para tentar melhorar a popularidade de Bolsonaro que sofre com a maior inflação em 28 anos.

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Neste domingo, Bolsonaro falou que a paridade com o preço internacional do petróleo, política de preços adotada pela Petrobras desde 2016, não é lei e poderia ser alterada por decisão do conselho da empresa.

— Se o conselho achar que deve mudar, muda. Mas não pode a população como um todo sofrer essa barbaridade porque atrelado ao preço dos combustíveis está a inflação e o poder aquisitivo da população está lá embaixo — afirmou Bolsonaro.