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Brasileiros em Portugal: No interior, mais espaço para quem pode trabalhar de qualquer lugar

Conhecida como a Cidade do Ouro, Póvoa do Lanhoso virou um eldorado para empreendedores a 70 quilômetros do Porto
Otávio Cyranka e Marina Perin em Póvoa do Lanhoso: trabalho remoto Foto: Karina Dantas/Divulgação

LISBOA - Sem a pressão da especulação imobiliária e escassez de empregos das grandes cidades, cada vez mais brasileiros descobrem a possibilidade de ter mais espaço para trabalhar e viver com mais qualidade e menos custos no coração de Portugal.

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O GLOBO percorreu alguns desses pequenos oásis despovoados que desenvolvem estratégias econômicas para atrair e manter empreendedores e profissionais em meio a um novo plano do governo português para atacar o crônico problema demográfico do país.

Um pouco mais acima no mapa de Portugal, no norte do país, a desconhecida Póvoa do Lanhoso, na região de Braga, foi descoberta por um casal de brasileiros nestes tempos de confinamento.

Vista do Douro a partir do Museu do Côa. Pequenas cidades do interior se tornaram destinos promovidos pelo governo português na tentativa de minimizar os danos econômicos causados pelo coronavírus no turismo Foto: Gian Amato
Casas do Côro inseridas na paisagem da Aldeia de Marialva, no distrito da Guarda, a 300 quilômetros de Lisboa. Turismo responde por quase 15% da economia do país e emprega 400 mil pessoas Foto: Gian Amato
Ruínas do Castelo de Marialva: roteiro turístico pelo interior de Portugal ameniza impacto da pandemia no setor com visitantes do próprio país Foto: Gian Amato
Panorama da aldeia de Marialva visto de uma vinha nos arredores. Portugal criou a campanha #tupodes para estimular residentes a pegarem estrada e redescobrirem a face rural do país Foto: Gian Amato
Rua de Marialva com a Igreja de São Pedro ao fundo Foto: Larissa Thompson
Turista mostra um cacho de uvas colhidas durante visita de caminhonete à vinha em Marialva Foto: Larissa Thompson
Turistas nas ruínas do castelo medieval erguido no ponto mais alto de Marialva. Região tem apenas 82 casos de coronavírus até agora Foto: Gian Amato
Pousada em Marialva: piscina e habitações das Casas do Côro, com o castelo ao fundo Foto: Gian Amato
Ruas das Casas do Côro dentro da Aldeia de Marialva Foto: Gian Amato
O guia António Jerônimo mostra gravura rupestre no Parque Arqueológico do Vale do Côa Foto: Gian Amato
Atividades ao ar livre: turistas de caiaque visitam as gravuras rupestres no Parque Arqueológico do Vale do Côa Foto: Gian Amato

Conhecida como a Cidade do Ouro, devido ao ofício desenvolvido há séculos ali pelos ourives locais, o município a 70 quilômetros do Porto virou um eldorado para a consultora imobiliária Marina Perin e seu marido, o advogado Otávio Cyranka, em plena pandemia.

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O palacete Villa Beatriz, em Póvoa do Lanhoso, foi cenário de um filme do mais importante cineasta português, recentemente falecido, Manuel de Oliveira Foto: José Abílio Coelho / Divulgação

— Em casa na quarentena, descobrimos que precisávamos de espaço para trabalhar. Morávamos num apartamento pequeno, de um quarto com cozinha micro, no centro do Porto, pagando € 550 em 40 metros quadrados. Quando procuramos um maior, estava tudo muito caro. Foi então que descobrimos Póvoa do Lanhoso e alugamos um três quartos com 120 metros quadrados e entrada independente para um escritório por € 385 — comemora Marina, que é de Niterói (RJ).

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Como a maior parte do trabalho do casal é feita remotamente, a necessidade de viver num grande centro acabou com a pandemia. Na urgência de fazer algum atendimento, estão a uma hora de carro do Porto, onde estão os negócios.

— Não é problema, foi uma solução. Reduzimos gastos e aumentamos o espaço e a qualidade de vida. A cidade é uma vila, não tem ninguém na rua. Moramos ao lado de um parque e deixamos para trás a claustrofobia que veio com a quarentena, quando revezávamos a mesa entre o jantar e o trabalho — avalia a consultora.

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*Especial para O GLOBO