Brazil China Meeting
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Por , Em Valor Econômico

Uma viagem de negócios à China deve considerar aspectos ligados à cultura e à diversidade regional para garantir bons contratos. Segundo executivos que moram no gigante asiático, trabalham em companhias chinesas, nasceram no país ou o visitam regularmente, fechar acordos com pares locais depende da construção de uma relação de confiança. Detalhes como cartão de visita impresso em chinês, falar algumas palavras em mandarim ou participar de agendas sociais após encontros de negócios também podem fazer a diferença no arranque das parcerias.

Rodrigo Gedeon de Melo, gerente geral para a Ásia e Pacífico da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), afirma que os empresários brasileiros que se preparam para desbravar o mercado chinês devem levar em conta a pluralidade cultural do país.

— A China é dona de dimensões colossais. É um erro encará-la como ‘uma unidade ou um mercado’. Deve-se estudar a região ou a província onde se pretende atuar, sendo recomendável ainda usar um parceiro local nas operações — afirma ele.

Interações pessoais são valorizadas nos ambientes de trabalho, lembra Melo. Em uma reunião, a orientação do especialista é levar um presente, que não seja caro ou extravagante, e que simbolize o Brasil.

— Além disso, invista tempo em estabelecer uma conexão genuína antes de entrar diretamente nas discussões sobre negócios — explica. — Demonstre interesse pela história e a culinária, temas que os chineses se orgulham muito.

Marcello Schneider, diretor institucional da BYD no Brasil, considera essencial a construção de uma relação de confiança para celebrar contratos duradouros.

— Costumamos dizer que, para fazer negócio, o executivo chinês primeiro conhece você, depois faz um convite para sair e começa a ‘namorar’ antes de casar — compara.

Schneider, que já foi à China mais de dez vezes em sete anos de empresa, afirma que quando os gestores ganham confiança, as portas para parcerias se abrem com mais facilidade.

— É crítico entender isso e não acelerar processos. Para o chinês, fechar acordo exige um rito e deve ser respeitado.

Nessa linha, o executivo lembra que, na preparação de uma reunião no país, a hierarquia fala mais alto.

— Se está vindo do Brasil o presidente de uma companhia que quer fazer negócio na China, será o presidente da empresa chinesa que vai recebê-lo. E se vier um vice-presidente, um executivo na mesma função estará à espera.

Apertos de mão

É essencial levar na mala muitos cartões de visita, aconselha Roberto Amadeu Milani, diretor do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e vice-presidente executivo da empresa de comércio exterior Comexport, no mercado chinês há quase 40 anos.

— A troca de cartões é um costume. Se puder, mande fazer os impressos com o verso em chinês, uma atitude que será apreciada.

Milani, que vai à China duas vezes ao ano desde a década de 1980, ainda recomenda aprender algumas palavras no idioma local.

— Os chineses adoram quando um ocidental fala a língua deles.

Na opinião de Ronie Mello, diretor para as Américas da Whicepart, grupo chinês sediado na cidade portuária de Ningbo que atua em setores como refrigeração comercial e materiais elétricos, estudar e respeitar os hábitos locais é uma das “chaves” para garantir um entendimento comercial.

— Não é de bom tom recusar um jantar. Quando um executivo faz um convite, ele quer estreitar o relacionamento — explica o paulista Mello, que trabalha com um sócio chinês e vai ao país desde 2007.

O diretor lembra que o aperto de mão é uma saudação suficiente nas conferências.

— Evite beijos, abraços e tapinhas nas costas, que podem ser encarados como invasivos.

Para o executivo chinês Xiukuan Zhang, presidente global da LongPing High-Tech, multinacional do setor agrícola que opera no Brasil há seis anos, os empreendedores brasileiros que pretendem explorar o país não terão grandes dificuldades. É bom saber que o ritmo de trabalho é acelerado, destaca ele, que mora no Brasil desde 2017.

— É fundamental fazer um levantamento prévio sobre possíveis clientes e regiões a serem visitadas durante a viagem e ser pontual nos agendamentos — orienta.

O executivo chama a atenção para a necessidade de pausas para o lazer.

— Como o povo chinês aprecia uma boa bebida, os brasileiros também podem acompanhar o costume, com cuidado para não exagerar.

Guia de negócios na China


Como causar uma boa impressão na primeira viagem ao país

  • Fuso horário
    Até se acostumar, é comum sentir sono à tarde nos primeiros dias
  • Papo reto
    Use um intérprete, recorrer ao idioma nativo é vantagem competitiva
  • Comunicação
    Tente decorar algumas palavras em chinês, quem faz isso é apreciado
  • No papel
    Leve muitos cartões de visita, com o verso em chinês, as trocas são comuns
  • Sugestões de brindes
    Pedras brasileiras, camisas da Seleção, café ou item que remeta a sua empresa
  • Simples e claro
    Os empresários chineses são confiáveis, não formule contratos complicado
  • Bom pagador
    Se for comprar, não pague a prazo: na China, é à vista ou antecipado
    Esticando a corda
    Não inclua algo fora do acordo, os empresários evitam falar “não” e se fecham
  • O chefe do chefe
    Não trate de assuntos pontuais com executivos de alto escalão, só temas amenos
  • Hora do jantar
    As idas a restaurantes costumam ocorrer logo na saída do expediente
  • À mesa
    É essencial experimentar um pouco de todos os pratos e elogiar os sabores.
  • Noitadas
    Se for a karaokês, é de bom tom acompanhar nas bebidas, com moderação

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