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Por Cássia Almeida


Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de femicídio, em 1983. Sua busca por justiça inspirou a criação da lei que leva seu nome Arte de Ana Luiza Costa sobre foto divulgação — Foto:
Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de femicídio, em 1983. Sua busca por justiça inspirou a criação da lei que leva seu nome Arte de Ana Luiza Costa sobre foto divulgação — Foto:

RIO - Símbolo da luta contra a violência doméstica, a farmacêutica com mestrado em Parasitologia Maria da Penha Maia Fernandes preside o instituto que leva seu nome, assim como a lei que pune com mais severidade o feminicídio e prevê ações para proteger mulheres sob ameaça. A entidade que criou após ser baleada nas costas pelo marido enquanto dormia — deixando-a paraplégica — vem acompanhando 10 mil mulheres do Nordeste para estudar as causas e consequências da violência. Em entrevista ao GLOBO, ela diz que o ambiente de trabalho pode fazer diferença na vida de vítimas de violência.

A senhora ficava mais tempo no trabalho para evitar a tensão em casa?

Os piores momentos eram quando chegava em casa na sexta-feira, véspera do fim de semana e dos feriados prolongados. Era sempre ruim, muitas grosserias, principalmente com as crianças. Ele não aceitava e eu tinha medo de me separar.

Por quê?

Era década de 1980, quando houve crimes do Doca Street e Lindomar Castilho, que mataram as mulheres depois da separação. Não me atrevia a buscar o caminho da separação. Essas mulheres morreram porque não quiseram continuar com o relacionamento. Os assassinos, quando iam a juri, não eram condenados. A defesa alegava que tinha sido um momento de loucura, que a mulher tomou uma decisão que o deixou descontrolado.

Essa percepção mudou?

A vergonha da violência começa a não existir. Ela não é culpada porque o time dele perdeu. A mulher tem mais autonomia. Quando eles percebem que a mulher pode levar sua vida só, se rebelam. As mulheres estão mais esclarecidas, mas as que moram nos pequenos municípios não têm acesso a informações nem a grupos de conscientização. No meu tempo, não tinha nem delegacia da mulher. Quando se reclamava, era comum ouvir ‘ruim com ele, pior sem ele, vai ser uma mulher falada’.

A senhora acha que o trabalho ajuda a mulher a se libertar dessa situação?

O trabalho ajuda, ela está num ambiente diferente. Quando há liberdade para conversar sobre a violência, ajuda. Se houvesse um compromisso dos empresários de ter uma escuta sobre isso, um número que a mulher pudesse ligar, poderia ajudar essa mulher a sair dessa situação. Se for grande empresa, ela pode ser transferida. Deve haver uma conscientização dos funcionários, inclusive os homens, dentre eles, podem haver agressores.

O que o governo pode fazer para inibir essa violência?

Implantar as políticas previstas na lei (Maria da Penha), como o centro de referência onde ela vai ter acompanhamento, psicólogos, advogados e serviço social para reorganizar a vida dessa mulher. E os abrigos para preservar a vida dessas mulheres.

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