Economia

Com alta no preço da energia, Banco Central vê inflação alta no curto prazo

Aumento na conta de luz deve pressionar índice nos próximos meses. Instituição admite que cogitou elevar mais a Selic na reunião do Copom, na semana passada
A ata do Copom também quais são as circustâncias que poderiam levar os juros a altas mais intensas Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil / MArcello Casal Jr/Agência Bras
A ata do Copom também quais são as circustâncias que poderiam levar os juros a altas mais intensas Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil / MArcello Casal Jr/Agência Bras

BRASÍLIA — O Banco Central (BC) vê a alta nas tarifas de energia como um dos principais fatores para a manutenção da inflação alta nos próximos meses. A informação consta na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.

“A persistência da pressão inflacionária revela-se maior que o esperado, sobretudo entre os bens industriais. Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do Real”, diz a ata.

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Em maio, a inflação registrou a maior alta para o mês em 25 anos e atingiu o maior patamar desde setembro de 2016, em 8,06% nos últimos doze meses. Se a projeção do BC se confirmar, a inflação deve continuar sendo pressionada pelos preços de energia.

Como mostrado pelo GLOBO, as contas de luz devem subir 15% a partir de julho com o reajuste da tarifa da bandeira vermelha. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve aumentar as tarifas por conta da crise hídrica, que diminuiu o volume nos reservatórios da hidrelétricas e fez com que o custo da geração de energia aumentasse.

‘Retomada robusta’

A ata do Copom também mostrou que o BC espera uma “retomada robusta” da economia no segundo semestre, principalmente por conta do impacto mais forte da vacinação na atividade.

Na semana passada, o Copom decidiu pelo aumento na taxa básica de juros, a Selic, de 3,5% para 4,25% . Além disso, sinalizou que deve fazer mais um aumento do mesmo tamanho na próxima reunião.

A ata divulgada nesta terça-feira mostrou que na reunião da semana passada, o Copom considerou uma alta nos juros ainda maior do que o 0,75 p.p anunciado. No entanto, entendeu que a melhor decisão seria de manter as altas no mesmo patamar

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"O Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião".

De acordo com o documento, essa decisão tem a vantagem de dar mais tempo ao Copom para acompanhar a evolução de alguns fatores importantes, como a reação dos preços à recuperação do setor de serviços e o comportamento das expectativas de inflação do mercado.

Também no documento, o Copom ressalta a possibilidade e deixa mais claro quais serão as circunstâncias econômicas necessárias para que uma alta ainda maior, de 1 ponto percentual (p.p), aconteça na próxima reunião.

O Comitê vai levar em conta uma possível alta nas expectativas de inflação para 2022 e ainda a evolução da atividade econômica, do balanço de riscos para a inflação, como o comportamento das contas públicas e o cenário internacional.