BRASÍLIA — O Banco Central (BC) vê a alta nas tarifas de energia como um dos principais fatores para a manutenção da inflação alta nos próximos meses. A informação consta na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.
“A persistência da pressão inflacionária revela-se maior que o esperado, sobretudo entre os bens industriais. Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do Real”, diz a ata.
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Em maio, a inflação registrou a maior alta para o mês em 25 anos e atingiu o maior patamar desde setembro de 2016, em 8,06% nos últimos doze meses. Se a projeção do BC se confirmar, a inflação deve continuar sendo pressionada pelos preços de energia.
Como mostrado pelo GLOBO, as contas de luz devem subir 15% a partir de julho com o reajuste da tarifa da bandeira vermelha. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve aumentar as tarifas por conta da crise hídrica, que diminuiu o volume nos reservatórios da hidrelétricas e fez com que o custo da geração de energia aumentasse.
‘Retomada robusta’
A ata do Copom também mostrou que o BC espera uma “retomada robusta” da economia no segundo semestre, principalmente por conta do impacto mais forte da vacinação na atividade.
Na semana passada, o Copom decidiu pelo aumento na taxa básica de juros, a Selic, de 3,5% para 4,25% . Além disso, sinalizou que deve fazer mais um aumento do mesmo tamanho na próxima reunião.
A ata divulgada nesta terça-feira mostrou que na reunião da semana passada, o Copom considerou uma alta nos juros ainda maior do que o 0,75 p.p anunciado. No entanto, entendeu que a melhor decisão seria de manter as altas no mesmo patamar
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"O Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião".
De acordo com o documento, essa decisão tem a vantagem de dar mais tempo ao Copom para acompanhar a evolução de alguns fatores importantes, como a reação dos preços à recuperação do setor de serviços e o comportamento das expectativas de inflação do mercado.
Também no documento, o Copom ressalta a possibilidade e deixa mais claro quais serão as circunstâncias econômicas necessárias para que uma alta ainda maior, de 1 ponto percentual (p.p), aconteça na próxima reunião.
O Comitê vai levar em conta uma possível alta nas expectativas de inflação para 2022 e ainda a evolução da atividade econômica, do balanço de riscos para a inflação, como o comportamento das contas públicas e o cenário internacional.