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Economia

Com desoneração da folha, setores já preveem contratação em 2021

Entidades afirmam que prorrogação da medida evitará aumento de custos e novas demissões este ano
Manifestação de trabalhadores de setores como transporte urbano e de cargas, telecomunicações, call centers, indústria têxtil e outros em favor da desoneração da folha, na véspera da votação no Congresso. Foto: Pablo Jacob / Pablo Jacob
Manifestação de trabalhadores de setores como transporte urbano e de cargas, telecomunicações, call centers, indústria têxtil e outros em favor da desoneração da folha, na véspera da votação no Congresso. Foto: Pablo Jacob / Pablo Jacob

RIO E SÃO PAULO - A prorrogação da desoneração da folha de pagamentos , aprovada na terça-feira pelo Congresso, evitará um aumento de custos para as empresas e cortes de postos de trabalho, segundo entidades.

Em alguns segmentos, como o têxtil e o de máquinas, contratações foram retomadas e podem ganhar tração.

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Vivien Suruagy, à frente da Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (Contiq) e da Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Redes de Telecom e Informática (Feninfra), destaca que a pandemia ampliou a demanda por serviços no setor, que reúne 137 mil empresas e emprega 2,2 milhões de trabalhadores.

Sem a desoneração da folha, o setor precisaria demitir 500 mil trabalhadores em 2021. Com a desoneração mantida, além de preservar esses postos, pode abrir outras 520 mil vagas — diz.

John Anthony von Christian, presidente da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), faz leitura similar.

— Com a desoneração preservada, não haverá demissão para compensar a alta de custos. O setor poderá crescer 10% em geração de emprego em 2021.

Indecisão afetava preços

Sindicatos também destacaram a derrubada do veto.

— A medida estimula a economia, diminui os custos de produção e abre caminho para manutenção e até para geração de empregos — disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

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Para Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a indecisão sobre o tema dificultava a formação de preços.

— A derrubada do veto é positiva, e a decisão dará condições para que os empreendedores planejem seus custos sem incertezas — diz Pimentel. — As empresas voltaram a contratar lentamente, mas uma volta mais definitiva do emprego só vai acontecer com a economia e a demanda em crescimento.

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No segmento calçadista, o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, lembra que, sem a prorrogação, o setor amargaria um aumento de R$ 572 milhões em custos.

José Velloso, da Abimaq, que representa a indústria de máquinas, acredita que o setor deve voltar a fazer contratações em janeiro, a depender do cenário externo e da continuidade da retomada.

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José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destaca que a medida reduz a informalidade no setor:

— Quando o tributo incide sobre o faturamento, o governo alcança todas as empresas.

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Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), defende que o governo tome mais medidas anticíclicas para recuperar a economia.

— O investimento externo vem depois que a economia se recupera — pondera.