Economia

Com a falta de imóveis para quem mora em Nova York, cidade abre guerra contra aluguel ilegal pelo Airbnb

Câmara Municipal deve aprovar projeto de lei que exige que os anfitriões se registrem na cidade antes de alugar suas casas por um período curto ou por menos de 30 dias
Nova York em guerra com aluguéis irregulares Foto: HIROKO MASUIKE / NYT
Nova York em guerra com aluguéis irregulares Foto: HIROKO MASUIKE / NYT

NOVA YORK —  O Airbnb anunciou recentemente que teve seu melhor trimestre de todos os tempos, refletindo uma demanda crescente por viagens e turismo com o arrefecimento da epidemia de Covid-19. Mas na cidade de Nova York, a empresa está no centro de uma narrativa diferente: os líderes da cidade, após lutarem por anos para limitar a proliferação de aluguéis ilegais de curto prazo, estão prestes a impor restrições mais rígidas à plataforma on-line.

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A Câmara Municipal deve aprovar um projeto de lei que, pela primeira vez, exige que os anfitriões se registrem na cidade antes de alugar suas casas por um período curto ou por menos de 30 dias. A medida reflete os regulamentos de outras cidades, como Boston e Santa Monica, na Califórnia.

Na cidade de Nova York, um dos maiores mercados domésticos do Airbnb, as autoridades municipais e defensores da habitação reclamam há muito tempo que os proprietários e inquilinos exacerbaram a crise imobiliária contornando as leis e reservando casas para alugar por alguns dias a turistas ou outros visitantes.

Os aluguéis de curto prazo costumam ser mais lucrativos do que os de longo prazo.

E a indústria hoteleira, duramente afetada pela pandemia, há muito reclama do Airbnb e de locadoras on-line semelhantes, acusando-as de desviar negócios.

O novo projeto foi elaborado para evitar que aluguéis que violam essas leis até mesmo apareçam on-line. Isso inclui uma lei do estado de Nova York que proíbe aluguéis de apartamentos por menos de 30 dias quando o anfitrião não estiver presente.

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“Não temos moradias suficientes e qualquer coisa que possamos fazer para colocá-las de volta no mercado é uma coisa boa”, disse o vereador Ben Kallos, democrata que representa o Upper East Side e patrocinador do projeto de lei.

Segundo autoridades municipais, o prefeito Bill de Blasio apóia o projeto, cujas regras entrarão em vigor 12 meses após se tornar lei.

A pressão para impor uma exigência de registro reflete a maneira como as cidades em todo o mundo estão tentando regulamentar os aluguéis de curto prazo ou de férias oferecidos por empresas como a Airbnb e seu concorrente Vrbo, agora parte do Grupo Expedia.

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O regulamento surge no momento em que as empresas foram ajudadas por uma mudança para o trabalho remoto e uma retomada no número de viagens.

E é o mais recente acontecimento em uma longa batalha que as autoridades em Nova York travaram com as empresas.

As autoridades municipais, a indústria hoteleira e grupos de defesa há muito criticam o Airbnb por não fazer mais para reprimir os aluguéis ilícitos. Em 2018, o Airbnb abriu um processo depois que a cidade de Nova York tentou forçar as plataformas a compartilharem mais dados sobre hosts, resultando em um acordo em junho de 2020.

O novo projeto de lei seria muito mais rígido, disse Michael McKee, membro de um grupo de organizações de bairro e pró-inquilinos.

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“Acreditamos que esta será a maneira mais eficaz de se livrar da atividade ilegal de hotéis”, disse McKee, que também faz parte do Tenants PAC, um grupo de defesa que ajudou a redigir o projeto. “Pode levar de dois a três anos, mas no final das contas isso tornará virtualmente impossível para os proprietários mal-intencionados converter o que deveriam ser apartamentos residenciais em aluguéis de curto prazo.”

O Airbnb se opôs ao projeto de lei, argumentando que a empresa estava ajudando a levantar a economia da cidade durante a pandemia.

Em comunicado, um dos diretores do Airbnb Alex Dagg disse que o projeto “prejudica famílias de classe média nos bairros periféricos que procuram ganhar um pouco mais de dinheiro” e era “especialmente intrigante, dado que a cidade está tentando ressuscitar o turismo. ”

A empresa também recorreu a hosts para suporte. Alguns deles argumentaram que a renda dos hóspedes os ajudou a pagar os custos crescentes de moradia em Nova York.

O Grupo Expedia não comentou o assunto.