Economia start-ups

Como um jovem de 27 anos construiu uma fortuna de US$ 3 bi após uma reação alérgica

Johnny Boufarhat começou a escrever o código de sua start-up de reuniões virtuais na cozinha de seu apartamento, após isolamento forçado
Johnny Boufarhar, ao centro, junto com parte de sua equipe na Hopin Foto: DIvulgação/ Seedcamp
Johnny Boufarhar, ao centro, junto com parte de sua equipe na Hopin Foto: DIvulgação/ Seedcamp

LONDRES — Uma rara reação alérgica, que deixou seu sistema imunológico enfraquecido e exigiu seu isolamento, foi o pontapé inicial para que Johnny Boufarhat começasse a esboçar, na cozinha de seu apartamento em Londres, os códigos de programas para uma plataforma de eventos on-line, que deu origem à Hopin.

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Boufarhat é o mais novo millennial a se tornar um bilionário. Existem atualmente 19 pessoas com menos de 40 anos entre as 500 mais ricas do mundo, de acordo com o índice Bloomberg.

Boufarhat, que hoje mora na Espanha, vendeu ações no valor de cerca de 130 milhões de libras (US$ 180 milhões) de julho de 2020 a março de 2021, ficando com cerca de 40% do capital da Hopin, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Foi tão ruim que por anos eu mal consegui sair de casa”, disse Boufarhat, 27 anos, em uma postagem de junho de 2020 em seu blog no qual relatou o episódio de alergia e como surgiu a ideia para a plataforma. “Queria ir a eventos. Eu queria conhecer pessoas”, acrescentou.

A doença de Boufarhat o empurrou para o isolamento em 2019. Neste mês, sua start-up levantou US$ 450 milhões em investimentos e, agora, está avaliada em US$ 7,8 bilhões.

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Assim, a participação de Boufarhat vale cerca de US$ 3,2 bilhões, tornando-o um dos mais jovens bilionários do mundo, de acordo com o Índice Bloomberg Billionaires.

'Boom' de reuniões on-line

Procurado pela reportagem, um porta-voz da Hopin se recusou a fazer comentários sobre o patrimônio líquido de Boufarhat.

A tecnologia e a facilidade de levantar capital de risco criaram um número muito maior de novos bilionários e em idades cada vez mais jovens. Especialmente no ramo da tecnologia, esses jovens ganharam um empurrão na pandemia, quando reuniões on-line se tornaram cada vez mais frequentes.

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Hopin tinha seis funcionários no início de 2020 e, agora, tem mais de 800. A empresa acelerou seu crescimento neste ano por meio de aquisições, incluindo as empresas de tecnologia de vídeo StreamYard, Streamable e Jamm.

Em junho, a start-up também anunciou a compra da Boomset, uma plataforma de gerenciamento para eventos presenciais e híbridos.

Visão clara do negócio

Embora a Hopin seja registrada em Londres, não tem uma sede própria. Boufarhat disse, em sua postagem de blog para marcar a última rodada de arrecadação de fundos, que ele está procurando manter uma força de trabalho totalmente remota.

Ele também está apostando que o mundo não vai voltar a ser como era antes da pandemia de Covid:

“Nosso futuro será aquele em que as pessoas poderão participar das experiências que são importantes para elas — onde quer que estejam. Em outras palavras, é um futuro alinhado à visão inicial da Hopin”.

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Na opinião de seus primeiros apoiadores, a visão de Boufarhat para Hopin sempre foi clara.

—  Ele tem uma paixão incrível por seus negócios — disse Tom Wilson, sócio da empresa de capital de risco Seedcamp, também com sede em Londres, que liderou a rodada pós-investimento anjo da Hopin em 2019.

Fortunas num piscar de olhos

CEO da Hopin, Boufarhat  nasceu na Austrália, é filho de pais nascidos no Líbano e na Armênia, mas mudou-se ainda adolescente para o Reino Unido. Ele se formou em engenharia mecânica e gestão pela Universidade de Manchester, onde desenvolveu um aplicativo para estudantes encontrarem descontos.

No fim de 2019, o programador autodidata lançou uma versão inicial da Hopin, que permite aos usuários participar de sessões durante os eventos e interagir com os participantes por meio de videoconferências individuais automatizadas.

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Boufarhat inicialmente planejou lançar a plataforma de eventos em setembro de 2020, mas a pandemia o forçou a acelerar o cronograma em seis meses.

Entre os jovens novos bilionários estão os irmãos Collison —  Patrick, de 32 anos, e John, de 31: eles valem cada um US$ 11,4 bilhões por meio da empresa de pagamentos on-line Stripe, de acordo com o índice de riqueza da Bloomberg.

Nikolay Storonsky,de  37 anos, fundador da Revolut, acumula uma fortuna de cerca de US$ 6,7 bilhões, enquanto Austin Russell, de 26, que abandonou a Universidade de Stanford, se tornou um bilionário no ano passado, depois que sua empresa de carros autônomos, a Luminar Technologies Inc., abriu o capital.