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Economia

Conheça o Hado, o jogo de queimado virtual japonês que acaba de chegar ao Brasil

Meta de start-up paulistana é instalar 13 arenas no país em 2020 e até formar time para participar do campeonato mundial
Juliano Kimura faz demonstração dos 'poderes' do Hado, o jogo de queimado virtual japonês Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Juliano Kimura faz demonstração dos 'poderes' do Hado, o jogo de queimado virtual japonês Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO - E se o tradicional jogo de queimado ganhasse efeitos que parecem saídos do desenho animado japonês “ Dragon Ball ” ou do videogame “ Street Fighter ”? A ideia já existe e está no game Hado , que se pronuncia como “rádo”, em português.

Ele é considerado pioneiro na mistura entre imagens virtuais — proporcionadas ao jogador por meio de um celular acoplado a óculos especiais de realidade aumentada — e movimentos de verdade do corpo de cada participante dentro de uma arena.

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Como em um jogo de queimado tradicional, o objetivo é atingir quem está do outro lado da quadra. Só que aqui, em vez de uma bola comum, o arremesso é de uma esfera que só existe no mundo virtual.

Energizada (“hado” significa algo como onda de energia em japonês) e disparada que nem um raio, ela lembra os poderes que os personagens da fantasia têm.

Basta levantar o braço em direção ao teto para que a sua força seja carregada e, ao apontar para frente, é feito o lançamento em direção ao adversário.

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Já colocando o braço para baixo, é possível ganhar uma forcinha que nunca existiu nas aulas de educação física: entra em ação um escudo protetor .

Passados os segundos de imunidade que ele proporciona, o jeito de escapar das investidas inimigas é aquele que se conhece bem, correndo e contorcendo o corpo.

A agitação é grande, mas dura pouco: geralmente são apenas três tempos de um minuto cada um por partida.

O computador que controla o jogo percebe todos esses movimentos dos jogadores por meio de um iPhone que eles usam instalado no capacete e por um outro dispositivo eletrônico, como um iPod Touch , preso ao pulso. A coordenação entre os equipamentos é feita por Wi-Fi e Bluetooth .

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A criação japonesa, lançada do outro lado do mundo em 2016 e já presente em 11 países, foi licenciada agora pela Trianons, empresa de marketing e inovação com sede em São Paulo, que aposta que o Hado vai cair no gosto do brasileiro.

Até então, o jogo só esteve disponível no país uma vez, em Recife, em 2018, durante uma ação temporária em um shopping de iniciativa de outro investidor.

Game Hado de realidade aumentada, que mistura realidade virtual com movimentos do corpo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Game Hado de realidade aumentada, que mistura realidade virtual com movimentos do corpo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Já a meta da start-up paulistana é a de garantir a instalação de 13 arenas em 2020. O número é uma exigência contratual para manter a exclusividade de licenciamento no país assinada com os donos do jogo no Japão.

Apesar da quantidade alta, que prevê, em média, a abertura de um ou dois espaços por mês, Juliano Kimura, CEO da Trianons, está otimista.

- Estamos atualmente em contato com quatro empresas: um centro de entretenimento, uma rede de shopping centers, um laboratório que ensina inovação para crianças e adolescentes e um grande evento - afirma ele, sem revelar os nomes dos interessados.

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A Trianons, há 9 anos no mercado de mídias sociais e de criação de campanhas com realidade aumentada, decidiu dar esse passo após Kimura perceber que um vídeo sobre Hado tinha viralizado no Facebook.

- Decidi então ir atrás de quem estava desenvolvendo isso. Começamos uma conversa mais ou menos no meio do ano passado. Depois de várias calls, a gente foi até Los Angeles para ver ao vivo como funcionava  - conta ele, que é formado em marketing e já trabalhou para o Facebook no Brasil e também para uma série de empresas de jogos,como Level Up, Kaizen Games e Ubisoft.

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Para botar de pé a ideia de trazer o Hado ao Brasil, a empresa calcula ter investido quase R$ 600 mil. O valor, porém, não deve demorar a ser coberto se o licenciamento das arenas correr bem. Cada uma custa R$ 250 mil para o investidor que decidir montá-la. O espaço necessário para instalação é de cerca de 60 metros quadrados.

Além de viabilizar os espaços para jogar, também está nos planos da Trianons criar um time brasileiro de Hado para competir na copa mundial da modalidade, em dezembro, no Japão. Para isso, serão necessários quatro atletas (um reserva e três titulares, podendo ser mulheres ou homens, em times mistos) e um técnico.

- Uma das maiores preocupações que nós temos é que o Hado  seja encarado como um mero game, porque ele é o futuro dos esportes. Você sua, corre, faz atividade física, usa a agilidade e precisa ter uma estratégia enquanto está jogando - destaca Kimura, que está buscando para a equipe profissionais jovens da área de educação física e também parcerias com clubes esportivos.