RIO - A conta de luz deve ficar cerca de 8% mais cara até agosto com novo valor da bandeira tarifária . Com a crise hídrica que o país enfrenta, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou hoje um reajuste de 52% no valor cobrado da bandeira vermelha 2 , o patamar mais alto da tarifação.
Devido ao baixo volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, o país depende mais da energia gerada por termelétricas, que é mais cara.
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Para compensar o aumento do custo de geração, a cobrança adicional subiu de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), o que deve fazer a conta subir, em média, 5% só em julho.
Para agosto, deve haver outro reajuste e a sobretaxa do kWh poderá chegar a R$ 11,50. Com isso, segundo a economista da XP Tatiana Nogueira, o impacto na conta de luz dos consumidores poderá chegar a cerca de 8% em agosto.
Esta também é a projeção da economista do Itaú Unibanco, Julia Passobom para os próximos meses. Já o economista André Braz, responsável pela elaboração dos índices de inflação medidos pela FGV, acredita que o brasileiro já vai sentir um impacto de 8% em julho e de 11,5% até agosto.
Aumento pesa no bolso três vezes, diz economista
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, chama a atenção que o aumento da luz vai pesar no bolso dos brasileiros três vezes.
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— Além do custo direto, tem o preço da energia embutido nos produtos consumidos. O aumento da luz também vai impactar na inflação. Com a energia, aumentamos nossa projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2021 e 5,7% para 5,9%.
![. Foto: Criação O Globo](https://ogimg.infoglobo.com.br/economia/25082956-98e-e2e/FT450A/bandeira_energia_online.jpg)
A meta de inflação deste ano é de 3,75%, com tolerância para cima até 5,25%. Sanchez, porém, não credita apenas à energia o provável furo do teto da inflação este ano. Ele considera os alimentos e a gasolina como corresponsáveis pelo resultado final.
Braz, da FGV avalia que o reajuste de hoje pressionará a inflação do mês em 0,36 ponto percentual, pressionando a inflação para acima da meta.
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Mais pressão sobre os juros
Tatiana põe, além da energia, a alta no preços das commodities na conta da inflação deste ano. Depois do anúncio desta manhã, a XP elevou sua projeção do IPCA deste ano de 6,2% para 6,3%.
— Vendo estes preços pressionados, o Banco Central deve aumentar o ritmo de crescimento da taxa Selic para conter repasse da inflação do ano seguinte. Acreditamos que o aumento da taxa será de 1%, e não de 0,75%, como previsto, na próxima reunião. Aumentar os juros deve ser uma das medidas para conter a inflação no ano que vem — avalia a economista.
Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos, acrescenta:
— A alta nos preços da energia influencia diretamente a inflação. Os preços de energia entram no grupo de habitação, o qual possui peso mensal de 15,4%, sendo o terceiro grupo que mais influencia o IPCA.
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A justificativa do aumento da conta de luz, segundo a Aneel, é a crise hídrica que o país atravessa. Com o baixo volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, o custo para gerar energia é maior.
Para 2022, os analistas mantêm a projeção de inflação, em torno de 3,5%. Segundo eles, a expectativa de que a bandeira vermelha cesse no fim do ano, somados à redução de consumo da população e elevação dos níveis nos reservatórios, devem equilibrar o impacto da energia na inflação nos meses seguintes.
Tatiana pondera: — Apesar de não ter alterado nossa projeção de 2022, que está em 3,6%, reconhecemos viés de baixa na projeção, uma vez que projetamos bandeira amarela para o final de 2022 e está teve alta de 40% hoje. Isso implicaria queda de 0,06% no IPCA de 2022.