Exclusivo para Assinantes

Conta de luz pode subir até 8% em setembro com alta na bandeira vermelha, preveem analistas

Aumento deve contaminar inflação deste ano e do próximo, dizem especialistas, que projetam IPCA acima de 7% em dezembro
Agosto foi mês severo para o regime hidrológico do Sistema Interligado Nacional (SIN) Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO - A conta de luz deve ficar cerca de 8% mais cara em setembro, segundo cálculos de analistas, levando em conta a elevação do valor da bandeira tarifária vermelha 2, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve reajustar entre 50% e 58%.

Não é só falta de chuva:  Entenda como o Brasil está, de novo, à beira de um racionamento

Daniel Xavier, economista sênior do banco ABC Brasil, já projetava um reajuste parcial da bandeira tarifária, com possibilidade de passagem de R$ 9,49 para R$ 11,50 a partir de setembro. Com o valor podendo chegar a R$ 15, a projeção para a inflação deste ano passa de 7,1% para 7,4%.

— Em média, (deve haver) um aumento de 7,8% na conta de luz em setembro com esse novo valor da bandeira vermelha 2.

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, prevê o mesmo impacto. É uma espécie de “racionamento via preço”, avalia:

Para economizar, ligue o aparelho apenas quando for dormir e desligue logo ao acordar. Uma opção é usar a função sleep, disponível em alguns modelos. Outro cuidado é manter o ar-condicionado em temperatura adequada. Especialistas recomendam 23ºC. Não é preciso colocar temperatura muito baixa, para não gastar muita energia. Foto: Pixabay
Em uma família com quatro pessoas, o uso do chuveiro elétrico corresponde a cerca de 25% da conta de luz. Para economizar, evite banhos muito longos e dê preferência a usar o chuveiro no modo verão, que economiza até 30% de energia Foto: Pixabay
Quando a porta fica muito tempo aberta, o motor funcionará mais, gastando mais energia. É importante também manter a borracha de vedação da porta da geladeira em bom estado. Ao viajar, uma opção é esvaziar a geladeira e desligá-la da tomada. Foto: Pixabay
A substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED pode gerar uma redução de 75% a 85% no consumo de energia. Além disso, essas lâmpadas duram mais. Em relação às lâmpadas fluorescentes, a economia é de cerca de 40% Foto: Pixabay
Dê preferência a lavar uma grande quantidade de roupas, para economizar água e energia. Evite colocar muito sabão, para não ter de enxaguar duas vezes. Na hora de passar, a melhor opção é juntar roupas e passar uma grande quantidade de uma vez. Desligue o ferro quando for interromper o serviço. Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas roupas mais leves. Foto: Pixabay
O uso do ventilador de teto durante 8 horas por dia gera um gasto de apenas R$ 18 por mês. Mesmo assim, é importante evitar deixar o aparelho ligado quando não houver ninguém no cômodo. Na hora de comprar, lembre-se que quanto maior o diâmetro das hélices, maior o consumo de energia. Foto: Pixabay
No caso dos eletrônicos, a recomendação é desligar o televisor e os videogames quando ninguém tiver usando. Retirar os aparelhos da tomada também ajuda a poupar energia. Foto: Arquivo

— É um jeito de usar as forças do mercado para fazer reduzir a demanda por energia. É difícil pensar que o preço da energia vai aliviar nos próximos meses. Você acaba reduzindo a renda real das famílias, que já está impactada pela inflação alta. É uma pressão ainda mais forte e uma redução do poder de compra no momento de uma retomada mais pujante de consumo.

Tatiana Nogueira, economista da XP, projeta que o impacto do reajuste da bandeira vai deixar a conta de luz 7% mais alta em setembro.

'Estamos no limite do limite': Bolsonaro cita crise hídrica e pede que brasileiros economizem energia

— Até maio do ano que vem, o consumidor deve ficar pagando bem caro pela energia elétrica. Se fôssemos escolher um item da cesta de consumo, a energia é, disparado, a vilã da inflação este ano.

Na avaliação da economista, o reajuste da bandeira também tem reflexos sobre a projeção para a inflação deste ano, que deve fechar perto de 8%, bem distante do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de de 5,25%:

Seca no lago da hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais, expõe pequenas enseadas, ilhotas e até compromete a navegação Foto: Joel Silva / Agência O Globo
O nível dos reservatórios do centro-sul do país já estão em níveis mais baixos que os que levaram à crise que levou ao racionamento de energia em 2001 Foto: Agência O Globo
Hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais. Especialistas do setor dizem que se não houver redução do consumo a partir de outubro podem acontecer desligamentos pontuais Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Barragem da hidreletrica de Furnas, MG, chegou a 18% de sua capacidade. Brasil vive sua pior crise hídrica em nove décadas Foto: Joel Silva / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro editou um decreto que determina a redução do consumo de energia elétrica em todos os órgãos públicos federais entre 10% a 20% Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Barragem está localizada no curso médio do rio Grande, no trecho denominado "Corredeiras das Furnas", entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Seca no lago expõe pequenas enseadas e ilhotas Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Baixo nível de represas preocupa especialistas Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Com o baixo nível da represa pequenas ilhas de terra começaram a surgir no meio da represa Foto: Joel Silva / Agência O Globo
O Rio Grande faz parte do sistema de águas para gerar energia na Usina Hidrelétrica de Furnas Foto: Joel Silva / Agência O Globo
País terá de usar os estoques hídricos armazenados nas usinas para tentar evitar apagão e racionamento de energia neste ano Foto: Joel Silva / Agência O Globo
Governo estuda medidas para redução do consumo de energia elétrica para evitar um apagão. Foto: Joel Silva / Agência O Globo

— Esse reajuste da bandeira pode fazer com que a projeção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, medido pelo IBGE) suba no ano. Hoje projetamos 7,3%, mas esse número facilmente vai ser maior e deve fechar entre 7,5% e 7,7%, aproximadamente.

Risco de apagão:   Entenda, em infográficos, como o sistema elétrico está operando no limite

Outras duas casas também estão revendo suas projeções para a inflação em razão da crise hídrica. A divulgação do IPCA-15 de agosto, que chegou a 0,89% no mês, e o reajuste a ser concedido pela Aneel fizeram a Ativa Investimentos rever a projeção da inflação deste ano de 7% para 7,5%.

Inflação menor em 2022

A Genial Investimentos, que já havia revisado sua projeção para o IPCA de 5,9% para 7%, em 2021, por conta da crise hídrica e da alta dos preços das commodities , elevou novamente a projeção para 7,4%.

Para 2022, os  analistas mantêm a projeção de inflação entre 3,5% e 3,8%. Espera-se que a bandeira vermelha fique mais barata depois que o nível dos reservatórios aumentar.