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Economia Coronavírus

Coronavírus: até o fim de abril deveremos voltar à vida normal, prevê dono do grupo educacional SEB

Empresário Chaim Zaher critica projeto de lei que prevê desconto de 30% durante a crise
Chaim Zaher, presidente fundador do grupo SEB Foto: Silvia Zamboni / Agência O Globo
Chaim Zaher, presidente fundador do grupo SEB Foto: Silvia Zamboni / Agência O Globo

SÃO PAULO – O empresário Chaim Zaher, presidente do grupo educacional SEB , acredita que até o fim de abril ou mais tardar maio , vai ser possível voltar à vida normal .

– Estou otimista. Se todo mundo seguir as recomendações de higiene e isolamento, creio que até o final de abril acaba o pico de contaminação.

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Zaher, cujo grupo controla as escolas Pueri Domus, Mapple Bear e AZ, diz que tem atendido solicitações de pais em dificuldade para pagar mensalidades, mas se opõe a um projeto de lei apresentado nesta quarta-feira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que prevê descontos de 30% nas mensalidades durante o período de isolamento social para combater a disseminação do coronavírus .

Nessa difícil equação entre saúde da população e saúde da economia, o prazo de duração da quarentena se tornou questão-chave para o empresariado. A equipe econômica quer o fim gradual da quarentena a partir de 7 de abril .

Como o sr. está vendo essa crise?

- O país está em agonia, então quanto antes voltar ao trabalho melhor. Mas vamos respeitar o que a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde  recomendam. Não podemos deixar os nossos alunos em perigo. Mas estou otimista. Se todo mundo seguir as recomendações de higiene e isolamento, creio que até o final de abril acaba o pico de contaminação. Não acho que vai ser até agosto, como muitos estão prevendo. Mas, se não voltar, estamos preparados para fazer frente aos desafios, com as aulas online.

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O que pode ser feito para amenizar os efeitos econômicos e sociais do isolamento?

- O governo tem que pensar nos alunos que não têm comida em casa, na diarista, nos autônomos, nas pessoas que não têm emprego e que necessitam de apoio nesse momento. Pensar em programas de transferência de renda, evitar cortar água, luz.

E o setor privado?

- E os empresários têm que fazer a sua parte também, sem demitir neste momento. Se cada um fizer algo que está a seu alcance, ai nós vamos resolver problema.

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O que o sr. tem feito?

- Estamos fazendo o que está em nosso alcance no nível local. Tenho atuado em Ribeirão Preto, onde eu estou. Atuando junto à Secretaria de Saúde que está precisando de um local para hospedar profissionais de saúde para que eles não voltem para casa depois do trabalho, para não correr o risco de contaminar as famílias em casa. Temos um alojamento de estudantes, e como eles não estarão em aulas, estamos colocando à disposição dos profissionais de saúde. Junto com um grupo de empresários locais estamos doando cestas básicas e distribuindo álcool em gel.

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Foi apresentado na assembleia legislativa do Rio um projeto de Lei para que as escolas reduzam a mensalidade em 30%. Como vê essa medida?

- Acho um absurdo alguém querer se promover politicamente legislando sobre as escolas particulares. É inconstitucional. É muita gente querendo se promover, falando uma asneira como essa. Meu recado para os deputados é: vão cuidar das escolas públicas, as privadas estão muito bem cuidadas. E os nossos custos não mudaram, os professores continuam trabalhando, mesmo de casa.

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Vocês já sentem algum movimento de pais nas escolas do grupo SEB por descontos nas mensalidades?

- Há alguma demanda e estamos sensíveis, conversando e vendo o que é possível fazer no caso a caso. Não estamos abandonando os pais. Estamos sensíveis e flexibilizando algumas condições, como jogar pra frente a parcela. Além disso, nas nossas escolas com ensino integral, como a Concept e o Pueri Domus, que têm atividades extracurriculares e almoço, nós já nos antecipamos e reduzimos o valor da mensalidade.

Como está a adaptação das escolas para o ensino à distância?

- Tivemos que dobrar a capacidade de banda para colocar todo mundo online e registrar todo mundo. Com isso, dobramos também o número de profissionais de Tecnologia da Informação para fazer frente a isso. Como já temos uma plataforma digital própria, a Conexia, então já estávamos preparados. Claro que não nessa proporção, tivemos que adaptar sobretudo para os alunos menores. Para os alunos da educação infantil, estamos fazendo contação de história, teleconferência. E como os pais estão em casa, fica mais fácil. Pedagogicamente não é o ideal, mas é o necessário para este momento.

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O sr. acha que as escolas ficarão mais digitais mesmo quando as aulas forem retomadas?

- Não tenho dúvida. Essa crise mostrou que temos que estar preparados para o ensino digital e à distância. Não em substituição ao presencial, mas de forma complementar. Na China os alunos têm aula presencial, mas complementam de forma online em casa.