Economia Coronavírus

Coronavírus: governo britânico destina 30 bilhões de libras para combater efeitos na economia

Ministro considera que até 20% da população ativa poderia ser obrigada a permanecer em casa por causa da Covid-19
Notas de cinco e dez libras
Foto: Chris Ratcliffe / Bloomberg
Notas de cinco e dez libras Foto: Chris Ratcliffe / Bloomberg

LONDRES - O governo britânico vai destinar 30 bilhões de libras (o equivalente a US$ 38,82 bilhões) para estimular a economia frente ao impacto da epidemia de coronavírus , que ''será significativo mas temporário'', anunciou nesta quarta-feira o ministro de Finanças, Rishi Sunak, ao apresentar o primeiro orçamento do governo de Boris Johnson . Esta é uma das respostas econômicas mais abrangentes de todos os tempos.

"Hoje anuncio um estímulo fiscal de 30 bilhões de libras para respaldar o povo britânico, os empregos britânicos e os negócios britânicos", afirmou Sunak na Câmara dos Comuns.

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A Islândia também anunciou um corte nos juros nesta quarta-feira,  a 2,25% ao ano. Na terça-feira à noite, a Itália, país mais afetado pelo coronavírus na Europa, anunciou que vai ampliar para US$ 28,3 bilhões seu pacote de estímulos para mitigar os efeitos da doença na economia. Até o momento, governos já destinaram mais de US$ 84 bilhões para conter a epidemia do Covid-19 e reduzir impacto econômico.

Em uma ação concertada com o executivo para sustentar a economia, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou assim que o dia começou uma redução inesperada nas taxas de juros , que passou de 0,75% para 0,25% ao ano. Trata-se do maior corte nas taxas desde o início de 2009, após a agitação econômica causada pela crise financeira internacional. As taxas de juros não têm sido tão baixas no Reino Unido desde os meses após o referendo de junho de 2016 sobre o Brexit.

Já a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que a Europa corre o risco de sofrer um choque econômico da magnitude da crise global de 2008 , a não ser que os líderes do bloco tomem medidas urgentes para combater os efeitos econômicos do surto de coronavírus.

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Destrinchando o pacote britânico

Do total previsto, 7 bilhões de libras (US$ 9 bilhões) serão utilizados para ajudar os trabalhadores autônomos e as PME que perdem renda com as quarentenas e a queda da atividade econômica.

Outros 5 bilhões de libras (US$ 6,5 bilhões) serão dedicados ao fortalecimento do sistema público de saúde e 18 bilhões (US$ 23 bilhões) a outras medidas para sustentar a atividade econômica, que se verá necessariamente debilitada como consequência da epidemia.

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As autoridades não tomaram de imediato medidas adicionais para convocar a população para aumentar as práticas de higiene, lavando as mãos com frequência e extensivamente. No entanto, Boris Johnson disse na segunda-feira que "intensos preparativos" estão sendo feitos para passar para a próxima fase, na qual as autoridades podem pedir às pessoas que trabalhem em casa e que as escolhas fiquem fechadas.

Com 373 infectados e seis mortos, o Reino Unido está atualmente na primeira fase do manejo da Covid-19, projetado para conter a nova doença que surgiu em dezembro na China. O ministro britânico considera que até 20% da população ativa poderia ser obrigada a permanecer em casa.

"Os efeitos do coronavírus terão um impacto significativo na economia britânica, mas será temporário", disse Sunak ao Parlamento.

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Governo reduz previsão de crescimento

O ministro de Finanças britânico anunciou também previsões atualizadas de crescimento para a economia do país, para uma expansão de 1,1% este ano e 1,8% em 2021. Em março de 2019, o Office for Budget Responsibility (OBR) previa um crescimento de 1,4% para 2020 e de 1,6% para 2021.

As previsões de crescimento do OBR foram finalizadas antes da brusca queda dos preços das ações na semana passada e do aumento no número de casos de coronavírus em todo o mundo.

Para combater efeitos: Governos destinam mais de US$ 84 bi para conter epidemia e reduzir impacto econômico

Sunak anunciou as previsões do OBR ao entregar o primeiro plano orçamentário do novo governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. A economia britânica cresceu 1,4% no ano passado, abaixo da média de longo prazo.

Gasto público

A crise do coronavírus impôs uma súbita mudança de planos ao novo ministro das Finanças, que só tinha um mês desde sua nomeação para preparar um orçamento que Johnson prometera encerrar uma década de austeridade. A epidemia reverteu as prioridades no primeiro orçamento apresentado no Reino Unido em 18 meses, devido aos atrasos causados pelo Brexit e pelas eleições de dezembro.

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Mas aumentar os gastos públicos foi a principal promessa de campanha de Johnson, que obteve uma esmagadora maioria parlamentar ao arrebatar a oposição trabalhista das regiões trabalhistas do centro e norte da Inglaterra, e Sunak respeitou o compromisso de investir maciçamente em educação, saúde e manutenção estradas, fornecimento de internet banda larga e proteção contra inundações, entre outras questões.

O executivo, no entanto, adiou para o próximo outono uma revisão das regras fiscais que lhe permitiriam gastar mais com o risco de aumentar o déficit.