RIO - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) fez um estudo que pode ser um guia para o Brasil e outros países que ensaiam a retomada de atividades em meio à pandemia. Os técnicos observaram o que foi feito na Ásia e Europa, em busca de erros e acertos nesse processo.
Na pandemia: Start-ups crescem com soluções para quarentena e fazem da crise oportunidade
Um ponto considerado fundamental é o uso de testes em grande escala para o controle do andamento da pandemia e a identificação rápida de possíveis novas ondas.
Também é importante monitorar contatos, de maneira a dispor de uma base de dados que localize, avise e isole quem esteve no mesmo ambiente da pessoa doente. A Coreia do Sul, por exemplo, cruzou essas informações por meio de aplicativos no celular.
O BID diz que é preciso manter um alerta constante, porque a reabertura exige controle minucioso dos dados epidemiológicos e agilidade para voltar a restringir a circulação em determinadas áreas ou setores econômicos.
IBGE: Pandemia deixa 7,1 milhões de brasileiros sem remuneração em junho
O documento cita, ainda, a restrição de viagens e quarentenas para viajantes. Cingapura, diz o estudo, viu uma segunda onda de contágios devido à chegada de trabalhadores do exterior.
— O Brasil é um país muito grande e heterogêneo. É preciso olhar com lupa os dados da pandemia, da infraestrutura hospitalar e do comportamento da população em cada local, o tempo todo — diz Morgan Doyle, representante do BID no Brasil.
Segundo Doyle, esta é uma das lições quando vemos o que deu certo nas cidades da Europa e da Ásia: acompanhamento constante da curva e ações rápidas, caso necessário.
Há ainda recomendações de proteção e distanciamento. Com a reabertura, será preciso reforçar medidas de higiene, proteção e espaçamento entre as pessoas.
A publicação avalia que países desenvolvidos só iniciaram a reabertura com redução sustentada, durante dias seguidos, de casos confirmados de Covid-19; leitos de UTI disponíveis; máscaras, higienizadores, respiradores e capacidade de testes em massa.
Pandemia : Marcas investem em apps próprios de 'delivery' para reduzir custos
“Sair da quarentena pode ter um custo elevado em contágios e mortes, particularmente se, ao mesmo tempo, não forem expandidas consideravelmente as ferramentas com que os países enfrentam a doença”, afirma o texto.
Permanecer em quarentena, por outro lado, diz o BID, implica custos econômicos importantes, que recaem de maneira particularmente severa nas populações economicamente mais vulneráveis.
A quarentena tem como objetivo achatar a curva, ou seja, reduzir a taxa de crescimento de contágio até que o número de casos esteja abaixo do limite no qual o sistema de saúde pode atender sem entrar em colapso.
Auxílio: Mais de 40% das famílias receberam ajuda do governo em junho
Porém, o número de casos pode voltar a subir rapidamente após o reinício das atividades.
Diante de uma pandemia inédita, a publicação deixa claro que não é possível estabelecer “certo” ou “errado”, o que exigirá dos governos capacidade de ação, recuos e clareza na comunicação desses movimentos.