Economia Energia

Crise de energia no Brasil pode ter efeito na inflação e preço de alimentos, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto comentou sobre a crise hídrica e como isso pode afetar a política monetária
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta quarta-feira que a crise hídrica que reduz os reservatórios das hidrelétricas pode aumentar a inflação e afetar a política monetária do país.

Auxílio emergencial: 'Quem quer mais é só ir no banco e fazer empréstimo', diz Bolsonaro

Em evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements, o BIS), ele alertou sobre os riscos inerentes à questão da energia e sobre a pressão na inflação e no preço de alimentos. A taxa de juros é o principal instrumento do BC para conter a inflação.

A discussão sobre mudanças climáticas fez o banqueiro ponderar sobre as demandas que a sociedade tem feito para sair da crise, exigindo soluções que também contemplem sustentabilidade e inclusão social.

Crise hídrica: Geração de energia por termelétricas bate recorde e pesa na conta de luz

— No nosso caso (Brasil), é importante não só falar de clima, mas também dos aspectos sociais e de meio ambiente. Nós olhamos para isso e como isso afeta a política monetária – declarou durante painel.

E acrescentou:

— Nós temos todos esses choques, e isso está de volta ao Brasil porque agora nós estamos falando de uma crise de energia no Brasil de novo, porque não está chovendo o suficiente. E isso tem um efeito na inflação, no preço de alimentos, em tudo que fazemos.

JBS na mira de Moscou? Biden pretende cobrar Putin sobre ataque cibernético contra gigante de carnes. FBI diz que grupo 'hacker' ligado à Rússia é o responsável

Secretário defende privatização da Eletrobras

A crise hídrica vem gerando alertas no governo. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afastou o risco de racionamento , mas pediu que o consumidor faça uso mais “racional” da energia em entrevista ao GLOBO na segunda-feira.

Bento Albuquerque: 'Não há risco de racionamento. Tudo indica que temos o controle da situação'

Para o secretário de políticas econômicas, Adolfo Sachsida, o problema ressalta a necessidade de privatização da Eletrobras .

Já o secretário de Fazenda, Bruno Funchal, alertou para os riscos que essa crise pode representar para a retomada da economia e a repercussão na inflação.

IR 2021 : Contribuintes caem na malha fina e são cobrados por auxílio emergencial que não receberam

Pior seca em 91 anos

O país está enfrentando a pior seca nas hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste em 91 anos, e o governo já se prepara para tomar medidas que garantam o suprimento de energia, como um leilão extra para contratação de termelétricas que não fazem parte do sistema de fornecimento de energia elétrica do país.

Bandeira vermelha 2: Saiba como economizar na conta de luz

O objetivo é garantir o suprimento de eletricidade e afastar qualquer risco de racionamento no segundo semestre. São estudadas medidas de restrição à navegação por hidrovias e o uso de água para irrigação, para preservar os reservatórios.

Na última semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu aplicar a bandeira tarifária vermelha no segundo patamar, a mais alta desse mecanismo. Isso significa uma cobrança adicional de R$ 6,243 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.