RIO — Com nada menos do que 31,1 bilhões de transações contabilizadas em 2021, segundo dados da Abecs, associação do setor, os cartões de crédito são sem dúvida um dos meios de pagamento mais populares no país. Ferramenta do GLOBO ajuda a pessoa a identificar o melhor cartão a escolher de acordo com seu perfil: Clique aqui e faça o teste
Diante da variedade de ofertas e de pacotes de benefícios, é preciso uma análise criteriosa para escolher o produto certo para seu perfil de renda e uso. O match perfeito garante economia no pagamento de taxas e vantagens no dia a dia do usuário.
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Antes de ser fisgado por uma das muitas opções no mercado, é preciso se perguntar: vale a pena não pagar anuidade, mas ser obrigado a ter um gasto mínimo mensal?
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A taxa anual compensa os benefícios? Faz sentido ter cartão de uma rede específica de varejo, de fabricante de carro ou de eletrodoméstico para obter uma condição especial de pagamento?
Afinal, o que é mais vantajoso, ter parte do gasto transformado em desconto na fatura ou acumular pontos para trocar por produtos e passagens aéreas?
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— É preciso ter um olhar crítico sobre as ofertas. Avaliar, por exemplo, o número de pontos a serem acumulados para a troca por produtos, a validade da pontuação e o seu gasto médio. Quem tem uma fatura baixa pode não conseguir resgatar o benefício — pondera a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Ione acrescenta:
— Em outros casos, para ter retorno de parte dos gastos em investimentos é preciso manter o dinheiro em aplicações que nem sempre são as melhores. Não seria melhor ter parte do valor da fatura revertido em desconto no próximo vencimento?
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Segundo Hugo Costa, diretor executivo da Visa do Brasil, a customização é uma tendência irreversível. A quantidade de transações com os chamados cartões co-branded, desenvolvidos em parceria com outras empresas pela bandeira, saltou 90% entre setembro de 2020 e de 2021, conta ele.
— A tendência é ter cada vez mais customização, para que o cartão seja adequado ao momento financeiro, à idade e aos hábitos do consumidor. Também deve ficar mais fácil trocar um cartão pelo outro — diz Rubens Fogli, diretor do Itaú Unibanco, banco que concentra um terço dos cartões do país.
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Diante de tantas ofertas, é fácil encontrar quem tenha vários na carteira, o que pode até ser uma forma de organizar o orçamento.
— Além de concentrar os pagamentos todos em uma data, pode-se usar o cartão como estratégia para separar gastos, como contas fixas (de celular, streaming), variáveis e até manter um exclusivo para supérfluos, com limite baixo. A fatura disponível on-line permite acompanhamento contínuo das despesas, o que pode ajudar no controle do orçamento — diz a planejadora financeira Letícia Camargo.
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O problema é quando o cartão é usado como complemento de renda. O meio de pagamento é apontado como o principal responsável pelo endividamento, que atinge quase oito em cada dez famílias brasileiras, nível recorde apurado em março pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
— Não se deve aceitar limite de cartão superior à capacidade de pagamento. Um dia as parcelas vão se encontrar. O limite não deve ultrapassar um terço da renda anual — orienta a economista Gecilda Esteves, professora do Ibmec-RJ.
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De olho nas condições gerais
O cartão de crédito pode ser uma ferramenta para organização financeira. Ter mais de um pode até ser bom para separar os tipos de gastos, mas sem exageros.
Não mais que três, diz a professora de Finanças da Faap Virgínia Prates. A concentração dos pagamentos em um único dia é um bom recurso para controle de gastos. O parcelamento é outra vantagem, principalmente quando não há desconto na compra à vista.
No entanto, especialistas alertam que um dos maiores problemas no uso do cartão é o empilhamento de parcelas, que resulta em faturas impagáveis e no endividamento.
Rubens Fogli, do Itaú Unibanco, recomenda que o gasto no cartão não ultrapasse 50% do consumo total da família, já contando que na fatura estejam incluídos gastos básicos, como supermercados e farmácia.
Sem anuidade, atrelado a gastos
Para quem quer fugir da anuidade, há cartões que isentam o cliente da taxa e outros que, para tanto, exigem que se mantenha um gasto médio mensal.
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Nesse caso, o consumidor deve fazer as contas antes de contratar para ver se o valor de consumo exigido está dentro do seu padrão de uso. O cuidado deve ser redobrado quando se trata de um segundo cartão.
Especialistas temem que a vinculação do gasto à liberação da anuidade possa levar o usuário a consumir mais do que deveria para fazer jus ao benefício, o famoso barato que pode sair caro. Portanto, tenha organização financeira para não cair em tentação.
Acúmulo de pontos ou milhagem
Cartões que acumulam pontos para troca por produtos ou milhagens para uso na emissão de passagens aéreas estão entre os mais populares hoje em dia.
Para saber se essa é, de fato, a melhor opção, é preciso verificar como funciona a conversão do valor gasto em pontos ou milhagens; calcular, levando em conta seu gasto médio, quantos pontos ou milhas conseguiria juntar; e saber o prazo de validade desses pontos. Para quem tem gasto médio baixo no cartão, talvez não seja a melhor alternativa.
O tempo necessário para acumular a quantidade de pontos para fazer jus ao benefício pode ser maior do que a validade deles.
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Cashback e investback
Para a economista da FGV Myriam Lund, o cashback é a solução de benefício mais palpável e válida para todos os perfis de gasto. Em pesquisa feita pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), 70% dos entrevistados disseram que preferem receber descontos para compras em lojas ou dinheiro de volta.
Outra modalidade em expansão é o investback, que transforma parte do valor da compra, entre 0,5% e 5%, em um investimento de renda fixa. Há ainda os que retornam em criptoativos. Deve-se avaliar o volume de recursos exigido e se a aplicação vinculada ao benefício é mesmo vantajosa.
Cartão de loja, supermercado etc.
O desconto no valor da compra costuma ser o atrativo para quem faz um cartão de loja, supermercado e similares. Mas é preciso ficar atento se há ofertas de descontos permanentes ou se a redução será aplicada apenas a uma fatura.
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Há casos em que o cartão oferece condições especiais, principalmente de parcelamento, mas esse benefício pode estar vinculado a um valor mínimo de gasto. Além disso, boa parte cobra anuidade, e os juros costumam ser mais altos que os de cartões tradicionais.
Outro alerta é que, ao ter o cartão de uma determinada rede, o consumidor muitas vezes deixa de fazer pesquisa de preço e não compra pelo melhor valor.
Fabricantes de produtos
Multiplicam-se os cartões que garantem 5% de desconto na compra do carro zero, ou parcelamento da geladeira e do smartphone em 24 vezes sem acréscimo. Agora, quase toda empresa tem um cartão para chamar de seu — montadoras, fabricantes de eletrodomésticos, marcas líderes no setor de celulares e de eletrônicos.
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O modelo faz sentido para quem planeja a compra de um produto específico e já escolheu a marca. Ione Amorim, do Idec, lembra, porém, que de tempos em tempos o consumidor deve revisar sua carteira e pensar se aquele cartão ainda faz sentido para suas necessidades ou se é hora de cancelar.
O que fazer se não puder quitar a fatura
Os juros rotativos podem chegar a 18% ao mês, portanto a recomendação é sempre tentar pagar a fatura integral. Em caso de descontrole, Myriam Lund desaconselha o refinanciamento automático. Se você tiver mais de um cartão e precisar escolher qual fatura deixar em aberto, verifique qual tem os menores juros.
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A orientação é negociar com o emissor melhores condições de pagamento antes de ficar inadimplente. Para Ione Amorim, do Idec, a melhor opção é buscar crédito pessoal com juros mais baixos e quitar a dívida. Para evitar novos gastos, pode-se cancelar o cartão, mesmo com parcelas pendentes. Basta continuar pagando a conta.