Economia Defesa do Consumidor

Clientes de Nubank e Picpay relatam 'sumiço' do auxílio emergencial das contas

Correntistas que usaram boletos para sacar benefício de R$ 600 da poupança digital da Caixa antes do prazo ficaram sem o registro dos valores por horas
Aplicativo da Caixa Economica Federal pelo qual beneficiários têm acesso ao auxílio emergencial de R$ 600 Foto: Lucas Tavares/Zimel Press / Agência O Globo
Aplicativo da Caixa Economica Federal pelo qual beneficiários têm acesso ao auxílio emergencial de R$ 600 Foto: Lucas Tavares/Zimel Press / Agência O Globo

RIO - Clientes do Nubank e do PicPay foram surpreendidos nesta terça-feira ao darem falta nas suas contas de quantias referentes ao auxílio emergencial recebido por eles. Registros dos valores sumiram do sistema por algumas horas nos casos de transferências com o uso de boletos.

Como já mostraram O GLOBO e o jornal Extra, muitos brasileiros têm recorrido ao pagamento de boletos gerados em favor próprio para transferirem o dinheiro da poupança digital da Caixa Econômica Federal para uma conta com menos limitações.

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A estratégia possibilita movimentar o valor antes do prazo determinado pelo banco público para transferências e saques, e não é irregular, segundo o Banco Central (BC). Mas alguns dos que recorrerem ao instrumento enfrentaram problemas.

Quantias depositadas nas contas digitais do Nubank através do pagamento de boleto pelo Caixa Tem pareciam ter desaparecido nesta terça-feira, por algumas horas.

— Eu tinha feio o pagamento do boleto no dia 30 de junho e o dinheiro caiu na minha conta do Nubank no dia 1º de julho. Ainda não tinha gastado e, durante a noite desta terça, a quantia foi descontada da minha conta. Mas depois devolveram — conta a estudante Paloma Souza, de 22 anos, moradora do Rio de Janeiro.

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Segundo o Nubank, os montantes, na verdade, tinham sido devolvidos para a Caixa Econômica, seguindo uma listagem de pessoas que teriam recebido pagamentos "em duplicidade".

Ou seja, a Caixa teria explicado que, devido a uma falha em seu sistema, depositou duas vezes a quantia devida para alguns boletos gerados.

Fontes do mercado financeiro afirmam que os pedidos de estornos de um banco para outro são comuns e é de bom tom atendê-los imediatamente.

Durante o processo de realização dos estornos, entretanto, o Nubank teria percebido que várias das operações não eram em duplicidade e, por isso, interrompeu as devoluções, pedindo mais informações ao banco público para retomar o serviço.

Procurado, o banco digital afirmou ainda que "lamenta o transtorno causado aos seus clientes e informa que, devido à imprecisão dos dados da CEF, a empresa já reverteu os valores aos seus clientes mesmo não sendo responsável pela falha. Os clientes afetados já foram contatados e receberam os valores em suas contas".

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No caso do Picpay, mais de 2,9 milhões de usuários concluíram a transferência do benefício com sucesso desde o início da distribuição do auxílio. Mas, nesta terça-feira, as operações deste tipo não foram concluídas e, como o dinheiro chegou a sair da conta da Caixa, a quantia ficou num limbo.

O erro teria sido causado por uma "instabilidade do sistema do Caixa Tem". O PicPay afirmou que solucionar estes casos tem sido sua prioridade. "Tentem realizar a operação novamente ou, caso o débito já tenha ocorrido, aguardem a Caixa realizar o estorno do valor", orientou aos clientes.

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Problema similar tinha acontecido com o cantor Súnega, de 26 anos, morador de Santo André (SP). Cliente do Nubank, ele perdeu de vista seu auxílio emergencial ao tentar fazer a transação da quantia por pagamento de boleto bancário em seu próprio nome:

— No dia 22 de maio, eu tentei fazer o pagamento do boleto do Nubank. A quantia saiu da conta da Caixa, mas não chegou no Nubank. Fui na agência da Caixa três vezes e demorou um mês e três dias para conseguir o estorno do valor para a minha conta.

Ele conta que viu suas responsabilidades financeiras serem prejudicadas:

— Eu divido as contas de casa com meu irmão e não tinha como pagá-las. Sou cantor e todos os eventos em que eu trabalharia foram cancelados por conta da pandemia.

A Caixa Econômica Federal nformou "que, acerca de relatos de intercorrências em pagamentos e transferências do Caixa Tem para fintechs, não foram identificadas falhas nos sistemas internos da Caixa".

A instituição financeira afirmou ainda que "apenas nesta quarta-feira (8/7), já foram realizados com sucesso mais de 1,6 milhão de transações com o cartão de débito virtual e processados cerca de seis milhões de boletos sem nenhum incidente no sistema de cobrança do banco".