Economia Defesa do Consumidor

Pesquisa mostra que 86% dos brasileiros temem ser vítima de fraudes ou golpes com dados pessoais

Em levantamento, feito por Febraban-Ipespe, mais de 40% declaram ter recebido pedido fraudulento de informações bancárias
Em pesquisa, mais da metade dos brasileiros dizem achar que riscos de fornecer dados pessoais a empresas são maiores que benefícios Foto: Pixabay
Em pesquisa, mais da metade dos brasileiros dizem achar que riscos de fornecer dados pessoais a empresas são maiores que benefícios Foto: Pixabay

RIO - O medo de ser vítima de fraude ou de violação dos dados pessoais assombra 86% dos brasileiros. Para a grande maioria dos cidadãos ( 91%), o número de fraudes e golpes envolvendo dados pessoais aumentou durante a pandemia.

Nos últimos 12 meses, mais de 40% relatam que eles próprios ou seus familiares foram vítimas de recebimento de mensagens ou ligações com solicitações fraudulentas de dados pessoais ou bancários.

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Os dados são da 7ª edição do Observatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) —Pesquisa Febraban-Ipespe (Instituto de Pesquisas, Sociais, Políticas e Econômicas), que investigou como o brasileiro vê a segurança de dados no país e os crimes envolvendo violação de informações pessoais.

A pesquisa será o tema de um debate, transmitido nos canais da Febraban, nesta sexta-feira, às 12h, com a participação da executiva de Prevenção de Fraudes do Banco do Brasil, Lia Maria Pilatti Machado, o especialista em cyber intelligence da Deloitte, Eder Abreu, e do sociólogo e cientista político Antônio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.

A percepção dos brasileiros está em linha com os dados da Febraban que apontam um aumento de 100% nos ataques de phishing — armadilha feita com uso de engenharia social para fisgar a vítima — no primeiro bimestre deste ano, em relação ao ano passado.

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As fraudes relacionadas a falsas centrais telefônicas e falsos funcionários de bancos, por sua vez, diz a instituição, tiveram alta de 340% no mesmo período.

Isaac Sidney, presidente da Febraban, ressalta que a pandemia acelerou enormemente o ritmo da inovação tecnológica, imprimiu forte velocidade à digitalização, resultando em rápida mudança nos hábitos das pessoas, que dificilmente irão se comportar ou agir como antes. Tudo isso, deixou ainda mais vulnerável cidadãos e empresas.

— No cenário atual, temos de ficar ainda mais atentos e unir esforços para vencer um delinquente invisível, que é o criminoso cibernético. Os crimes digitais preocupam empresas e cidadãos de todo o mundo. No Brasil, estes crimes cresceram ainda mais do que em outros países - destaca Sidney.

Ele continua:

O setor bancário investe, por ano, R$ 25,7 bilhões para que os clientes tenham serviços digitais a sua disposição e R$ 2,5 bi para a proteção contra tentativas de ataques digitais

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Os bancos estão no topo da lista das empresas nas quais os brasileiros confiam em deixar seus dados, com 65%, seguidos por comércio ou lojas físicas(61%), lojas on-line (57%), fintechs (57%) e seguradoras (52%)

Riscos de fornecer dados

Apesar de mostrarem um grande grau de confiança nas companhias para manter suas informações seguras (70%), mais da metade (56%) dos brasileiros, entende que os riscos de fornecer dados sociais a empresas e instituições supera os benefícios que pode obter com essa prática.

Na avaliação de Lavareda, o levantamento mostra que há um grande desconhecimento dos brasileiros sobre o que é feito com seus dados. Mais de um terço (35%) admite não ter ideia o destino dados as informações coletadas a seu respeito.

Para o cientista político há também uma certa inocência, já que cerca de 40% ainda acreditam que as empresas e instituições só têm acesso as informações pessoais caso tem sido fornecido o seu consentimento.

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E outros 53% consideram ter controle sobre os seus dados pessoais, apesar de 79% acreditar que toda ou a maior parte da sua atividade de navegação na internet é monitorada.

— O levantamento mostra que as pessoas desconhecem as legislações que tratam do tema, assim como boa parte não lê os termos de privacidade e entre os que leem, muitos não entendem — diz Lavareda.

Ele acrescenta:

- Tudo isso mostra a necessidade de que o sistema de Justiça e os governos divulguem essas leis, não esperem que as pessoas aprendam unicamente com a suas experiências. Só com conhecimento o cidadão estará mais seguro.

Mesmo não conhecendo a legislação, 76% dos entrevistados defendem regras mais severas. No entanto, se mostra otimista, 62% acreditam que as fraudes com a implementação das leis em vigor.

A pesquisa mostra que mais de um terço dos brasileiros apenas às vezes, raramente ou nunca se preocupam com o uso de senhas fortes como forma de se proteger de fraudes.

E 36% sempre ou frequentemente fornecem seus dados ao realizar compras em lojas física ou sites. Outros 33% dizem frequentemente aceitar a política de cookies , que monitora a navegação na internet.

— Se boa parte das pessoas ainda não se preocupa com a senha, que é a chave de proteção de seus dados, imagina com o resto. As pessoas aceitam os cookies sem entender que está dando o consentimento de suas informações hoje e no futuro — destaca Lavareda.