Economia

Depois da Sony, Panasonic anuncia fim da produção de televisores no Brasil

Empresa vai demitir 130 funcionários da fábrica de Manaus, que vai continuar a produzir produtos da linha de micro-ondas
 Panasonic vai deixar de produzir TVs no Brasil Foto: Buddhika Weerasinghe / Bloomberg
Panasonic vai deixar de produzir TVs no Brasil Foto: Buddhika Weerasinghe / Bloomberg

RIO - O mercado de televisores vem passando por grandes mudanças em 2021. Depois de a Sony anunciar o fim da produção e venda de seus aparelhos no país em março, hoje foi a vez de a Panasonic confirmar que vai deixar de fabricar suas TVs e produtos de áudio (aparelhos de som mini system) no país até o fim deste ano.

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A multinacional japonesa informou que o encerramento da produção de TV e áudio no Brasil é uma decisão que segue uma estratégia global, com foco na sustentabilidade do negócio.

Apesar de os produtos serem produzidos na fábrica de Manaus, a unidade vai manter sua  atividade com as linhas de micro-ondas, produtos automotivos e componentes eletrônicos.

Panasonic vai deixar de produzir TVs no Brasil. Na foto, uma unidade no Japão Foto: Tomohiro Ohsumi / Bloomberg
Panasonic vai deixar de produzir TVs no Brasil. Na foto, uma unidade no Japão Foto: Tomohiro Ohsumi / Bloomberg

Com o fim da área de TVs e áudio, a Panasonic vai demitir 130 funcionários até dezembro.  O número representa 5% dos 2.400 colaboradores da empresa no país.

Além de Manaus, a Panasonic tem ainda a fábrica em Extrema, Minas Gerais, onde produz máquinas de lavar e refrigeradores. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, fica a unidade de fabricação de pilhas de zinco e alcalinas.

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Empresa posta em linha branca

Em entrevista ao GLOBO, Sergei Epof, vice-presidente de Eletrodomésticos da Panasonic no Brasil, disse que a decisão de encerrar a produção de TVs no Brasil segue a mesma estratégia feita feita em países como Estados Unidos e México. O executivo ressalta que a participação da marca na categoria, que já chegou a 9%, estava atualmente em 1,5%.

-O segmento de TVs têm margens apertadas e para ser competitivo é preciso ser verticalizado, com produção de outros componentes, como painéis, processadores e memórias. E não produzimos painéis, por exemplo, que representam 70% do custo de uma TV - disse Epof, lembrando que a rede autorizada da companhia vai continuar prestando serviço de assistência para os consumidores.

Assim, a empresa viu a importância do segmento de TVs no faturamento da empresa cair de 80% em 2012, para 8%, no último ano.

-Passamos  a investir em tecnologia nos últimos anos em outras categorias, como as de linha branca, pilhas e setor automotivo. E são áreas que estão crescendo. A expectativa é que o crescimento esse ano da empresa chegue a 20%, com destaque para linha branca, com alta de 50%  em relação ao ano passado - antecipou Epof.

Decisão surpreende varejistas

A notícia da saída da Panasonic surpreendeu redes de varejo e analistas. Uma fonte do setor lembrou que o mercado de TVs vem passando por uma disputa tecnológica acirrada, o que exige pesados investimentos em software, conectividade e parcerias com empresas de variados setores como os de streaming de vídeos.

Foi essa falta de investimento que fez a japonesa Sony perder a corrida no setor, amargando vendas cada vez menores. O mesmo ocorreu com a Panasonic, ressaltou essa mesma fonte do setor. Dados da consultoria GFK apontam que as  vendas de TV entre janeiro e junho deste ano tiveram queda de 15% em unidades em relação ao mesmo período do ano passado. Já em valor, houve alta de 13%.

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Para um analista, as vendas menores esse ano ocorrem após forte alta do ano passado, quando a pandemia forçou a troca e compra de novos aparelhos. Mas muitas empresas já miram o ano de 2022 por conta da Copa do Mundo, data que tradicionalmente eleva o volume de vendas.

Hoje, o segmento é dominado no país pela sul-coreana Samsung, seguida da também coreana LG. Em paralelo, diversas marcas passaram a investir no setor com produtos voltados para a chamada faixa intermediária, com preços a partir de R$ 1.400, parar ocupar o espaço que se abre no mercado.

Foi assim que nos últimos meses a brasileira Britânia, conhecida pelos eletrodomésticos, anunciou seus primeiros modelos de TV, seguida da Toshiba, que selou parceria com a nacional Multilaser para voltar ao mercado brasileiro.

Fontes do setor revelam que Sanyo e Sharp são outras marcas de sucesso dos anos 1980 e 1990 que preparam o retorno às lojas.