Economia

Diretor executivo da Apple, Tim Cook entra para o clube dos bilionários

Diferente de outros ricaços da tecnologia, executivo reuniu fortuna sem ser fundador da empresa que comanda
O diretor executivo da Apple, Tim Cook, entra para o seleto grupo de bilionários Foto: David Paul Morris / Bloomberg
O diretor executivo da Apple, Tim Cook, entra para o seleto grupo de bilionários Foto: David Paul Morris / Bloomberg

CUPERTINO – Nove anos após Steve Jobs renunciar e confiar o comando da Apple a Tim Cook , a companhia é mais valiosa que nunca. O mesmo pode se dizer do patrimônio de Cook.

Na semana passada, as ações da empresa subiram quase 5%, elevando o seu valor de mercado para quase US$ 2 trilhões. Ela era avaliada em cerca de US$ 350 bilhões quando Jobs morreu.

Com essa valorização, Cook, detentor de ações da Apple, ingressou num dos mais seletos grupos de diretores executivos que não fundaram as companhias que comandam: sua fortuna pessoal superou a marca de US$ 1 bilhão, segundo cálculos da Bloomberg.

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A fortuna de Cook é estimada com base na análise de documentação apresentada a órgãos regulatórios, aplicando a performance típica de retorno de um grande investidor na venda de ações.

Cook, de 59 anos, afirmou em 2015 que planeja doar a maior parte de sua fortuna e já distribuiu milhões de dólares em ações da Apple. Sua fortuna pode ser considerada maior caso tenha realizado outras doações que não se tornaram públicas.

A Apple não comentou o assunto.

'Máquina geradora de dinheiro'

— Este ciclo da indústria da tecnologia tem sido bem maior e mais longo do que eu pensava — afirmou Hussein Kanji, sócio da firma de investimentos Hoxton Ventures, que expressou cautela para o longo prazo da Apple após Jobs deixar a empresa. — De todas essas ações, a Apple se tornou a maior máquina geradora de dinheiro da história.

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O valor de mercado da Apple e a fortuna de Cook refletem a ascensão das ações FAANG (As cinco mais populares e bem-sucedidas empresas de tecnologia americanas: Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google), um termo que nem mesmo existia na era Jobs.

Também ocorre quando Cook e seus colegas CEOs das Big Techs — Jeff Bezos, da Amazon; Sundar Pichai, da Alphabet; e Mark Zuckerberg, do Facebook — enfrentam questionamentos antitruste sobre o que críticos caracterizam como poderes monopolísticos.

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Enquanto Bezos e Zuckerberg possuem grande participação acionária nas companhias que fundaram, o caminho de Cook para o clube dos bilionários foi mais gradual. A maior parte de sua fortuna estimada vem de prêmios em ações que recebeu desde que entrou na Apple, em 1998, onde foi reconhecido por dominar a complexa cadeia de fornecedores.

Cook recebeu uma bolada em ações no seu primeiro dia como CEO. E recebeu incrementos anuais, com parte sendo liberada apenas após o cumprimento de metas de performance. A não ser que os preços dos papéis da Apple despenquem repentinamente, Cook receberá seu nono pagamento do prêmio, de 560 mil ações, ainda neste mês.

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Cerca de metade do valor será para pagamento de impostos, mas o restante vai aumentar a fortuna de Cook em outros US$ 100 milhões. Atualmente, ele possui 847.969 ações, cerca de 0,02% do total da empresa, que valem US$ 375 milhões.

Retornos com vendas de ações, dividendos e outras compensações somam outros US$ 650 milhões, segundo os cálculos da Bloomberg.

A parcela de Cook é pequena em comparação com a posição de fundadores como Bezos, Zuckerberg e do fundador da Tesla, Elon Musk.

As ações da Apple são bem distribuídas entre investidores e executivos, então a companhias mais valiosa do mundo fez poucos bilionários entre seus funcionários.

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Quando Jobs deixou a companhia, em Agosto de 2011, Cook já tinha assumido o cargo de CEO interino em diversas ocasiões. Mas, na época, investidores e analistas questionaram se a Apple seria capaz de continuar inovando, como no passado com Jobs.

Apesar de a Apple não ter revelado nenhum novo produto revolucionário como o iPhone na última década, a empresa continuou crescendo. Cook esteve à frente do desenvolvimento de produtos como o iPhone X e o Apple Watch, de novos serviços como o Apple Music, e de pesquisas em tecnologias como carros autônomos e óculos de realidade virtual.

Mesmo a pandemia, que destruiu muitas partes da economia, impulsionou os negócios da Apple e de outras grandes empresas de tecnologia , com as pessoas cada vez mais dependentes de seus produtos e serviços.

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Quando a Apple divulgou seu último balanço trimestral, Cook destacou a dificuldade que legiões de famílias e negócios estão enfrentando.

— Nós não temos uma abordagem de soma zero para a prosperidade — afirmou. — Especialmente em tempos como esse, nós estamos focados em fazer o bolo crescer, assegurar que o nosso sucesso não seja apenas nosso.