Economia

Divergência entre Petrobras e ANP trava venda da dona do gasoduto Brasil-Bolívia, diz Castello Branco

Para estatal, tarifa de transporte deve ser menor que a atual, o que ajudaria a reduzir o preço do gás
Trecho do gasoduto Brasil-Bolívia: negociações emperradas. Foto: Diego Giudice / Bloomberg
Trecho do gasoduto Brasil-Bolívia: negociações emperradas. Foto: Diego Giudice / Bloomberg

RIO - Divergências entre a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) em relação às tarifas de transporte do gás natural  estão dificultando o processo de  venda das ações da estatal na  da  TBG (Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil), dona do Gasbol, o Gasoduto Bolívia-Brasil.

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A informação foi dada na manhã desta terça-feira pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, durante videoconferência realizada pela   Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil).

A venda da participação de 51% que a Petrobras detém na TBG  faz parte do  termo de compromisso de cessação (TCC) assinado pela estatal com o Cade  no ano passado para a redução de sua participação no setor de gás natural.

A TBG é a última grande transportadora de gás ainda controlada pela Petrobras.

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Castello Branco  deixou claro que as divergências com a ANP são um entrave ao negócio.

-- Infelizmente,  existem  alguns problemas com a ANP. Nós achamos que a tarifa de transporte deve ser muito mais baixa do que é, o que ajudaria a reduzir o preço do gás natural. A ANP discorda de nós e  isso coloca uma incerteza sobre a venda do ativo, sobre qual vai ser o novo preço da tarifa -- explicou ele. -- E isso é prejudicial ao acordo, ao Brasil.

O executivo acrescentou que a empresa está tentando resolver a questão junto ao órgão regulador.

-- Estamos insistindo por isso porque a Petrobras aprovou seu novo código de ética, no qual fica claro que repudiamos o exercício do poder do monopólio. Queremos queo mercado funcionando em competição -- afirmou.

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Castello Branco voltou a garantir que a Petrobras vai sair completamente dos setores de   transporte e da distribuição de gás natural no país, ficando apenas na produção.

O  processo  venda da TBG será feito  após contratação da capacidade que está sendo ofertada por meio de chamada pública  para 18 milhões de metros cúbicos por dia de gás da Bolívia.

A oferta está sendo feita pela ANP e precisa ser concluída este ano.

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O volume de gás que  está sendo ofertado ao setor privado foi justamente o que a Petrobras deixou de importar da Bolívia.

A companhia reduziu suas importações de 30 milhões de metros cúbicos por dia para 20 milhões de metros cúbicos diários.

A estatal boliviana YPFB detém uma fatia de 12% na TBG, ao lado de Petrobras (51%), BBPP Holdings (29%) e GTB-TBG Holdings (8%).

Procurada, a ANP disse que não se pronunciaria a respeito.