Economia

Dólar fecha a R$ 3,662, maior valor em mais de 2 anos

Moeda subiu 0,93%; Ibovespa teve leve queda de 0,12%

Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters
Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters

RIO E SÃO PAULO — Em linha com o movimento global da moeda, o dólar comercial voltou a ganhar força nesta terça-feira e fechou  em alta de 0,93% ante o real, cotado a R$ 3,662, a maior cotação desde abril de 2016. Na maxima, já chegou a R$ 3,693. No mercado de ações, o Ibovespa fechou com leve desvalorização de 0,12%, aos 85.130 pontos.

De acordo com Carlos Soares, analista da corretora Magliano, um ajuste de mercado pode ter motivado essa desaceleração da moeda americana.

—  Uma possível explicação para a desacerelação do dólar pode ser a correção técnica por conta da alta mais forte da moeda americana na manhã desta terça. Mas o mercado segue pressionado por causa dos treasuries que seguem em alta, a 3,08%. Isso pressiona os ativos, principalmente dos emergentes. Os fundos emergentes acabam migrando para ativos mais seguros — avalia Soares.

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Essa é a terceira alta seguida da divisa. De acordo com analistas, o cenário de elevação é resultado tanto de fatores internos quanto externos. No que diz respeito ao cenário nacional, as incertezas no cenário eleitoral são apontadas como combustível para a alta do dólar. Já em escala global, os investidores apontam a situação financeira da Argentina como uma das causas que influenciam na alta da moeda americana nesta terça-feira. Há o temor também de uma escalada nos conflitos comerciais entre EUA e China.

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Na manhã, o dólar refletia o avanço do rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, acima de 3%, segundo Cleber Alessie, operador da H.Commcor.

— O dia já começou com o dólar em alta, principalmente com a leitura dos altos yields (rentabilidade) dos treasuries americanos — disse Alessie.

Os treasuries de 10 anos são considerados um dos papéis mais importantes das finanças globais. A taxa de juros associada a ele — chamada de “yield” pelos agentes do mercado — reflete quanto estão cobrando os investidores para emprestar ao governo americano.

O operador da H.Commcor também menciona os dados do varejo americano como uma das causas para a alta do dólar no início desta terça-feira:

— As vendas do varejo americano em abril não surpreenderam. Elas vieram em linha com as apostas de um avanço de 0,3%. Entretanto, o dado de março foi revisado para cima, de 0,6% para 0,8%. Acredito que essa revisão consolidou o movimento dos yields e, por consequência, do dólar.

Com o varejo crescendo mais, aumentam as chances de o Federal Reserve (Fed) subir os juros americanos, por isso as taxas dos treasuries avançam.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que o dólar está se valorizando ante todos os emergentes , e evitou falar sobre ações que o governo pode tomar para conter essa valorização.

— A melhor resposta do governo é persistir no que estamos fazendo, melhorando a nossa situação fiscal para tornar economia mais eficiente e produtiva. O que precisa ser feito para o Brasil atravessar qualquer momento de maior dificuldade no futuro é avançar no consolidação fiscal — disse Guardia. — Isso é movimento internacional de fortalecimento do dólar e o Brasil não está imune a isso.

Próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil, o "dollar index" registrava alta de 0,67%.

Bolsa em leve baixa

O principal índice de ações da B3 recuou pressionado pelo quadro desfavorável a ativos de risco no mercado financeiro global e com a temporada de resultados também no radar, incluindo os números da companhia de alimentos JBS e da siderúrgica CSN.

Entre as mais negociadas, as ações da Petrobras ON (com direito a voto) subiram 2,52%, enquanto os papéis PN (sem direito a voto) subiram 2,09%. Por sua vez, a Vale teve alta de 0,70%.


A queda, no entanto, foi puxada pelo desempenho das ações de bancos, que possuem o maior peso na composição do Ibovespa. As preferenciais do Itaú Unibanco e Bradesco recuaram, respectivamente, 0,38% e 0,58%. No caso do Banco do Brasil, a queda foi de 2,72%.