Economia

Dona do Shopping Leblon faz terceira proposta de compra à BRMalls, administradora do Villa-Lobos

Se prosperar, negócio criaria maior companhia do setor na América Latina, com 69 empreendimentos
Movimento no Shopping Leblon, no Rio, na Black Fridayde 2021 Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
Movimento no Shopping Leblon, no Rio, na Black Fridayde 2021 Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo

SÃO PAULO — A administradora de shoppings centers Aliansce Sonae, dona do Shopping Leblon e do Via Parque, anunciou nesta terça-feira sua terceira proposta de fusão com a concorrente BRMalls, que controla o NorteShopping e o Shopping Villa-Lobos. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim .

Se aprovada, a transação significaria na prática uma compra da BRMalls pela Aliansce.

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O conselho de administração da BRMalls, que recusou as duas primeiras ofertas em menos de 24h cada por considerar que subavaliavam o valor da companhia, mudou de postura desta vez e autorizou a diretoria da empresa a negociar os termos do acordo para que a oferta seja apreciada pelos acionistas em seguida.

Desde quando formalizou sua primeira proposta, em janeiro , a Aliansce Sonae e sua principal principal acionista, o fundo de pensão canadense CPPIB (do inglês Canada Pension Plan Investment Board), que já detinham ações da BRMalls, têm aumentado gradativa e paulatinamente sua participação na empresa. A participação de ambas em fevereiro, por exemplo, era de 6%. Hoje, os dois somados detém 10,8% da BRMalls, tendo ultrapassado a Squadra (que detém 9,5% do capital da empresa) e as gestoras Capital International Investors (9,2%) e Atmos (5,3%).

Pelo anúncio da Aliansce Sonae, a companhia ofereceu aos acionistas da BRMalls um pagamento em dinheiro de R$1,25 bilhão, além da entrega de 326.339.911 ações da Aliansce Sonae, o que representa 55,2% do capital social da nova companhia que resultaria da fusão. A relação de substituição é de 1 ação da BRMalls para 0,394 da Aliansce.

A nova proposta da Aliansce vence em 28 de abril. Segundo a BRMalls "considerando o preço de fechamento de 18 de abril de 2022, a nova proposta apresenta um aumento de aproximadamente 18% comparando com a relação de troca originalmente proposta em 4 de janeiro de 2022".

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A segunda proposta, que foi feita e recusada em março, oferecia pagamento de R$ 1,85 bilhão em dinheiro o o restante em 276.762.914 ações da nova empresa. Embora a terceira oferta ofereça menos caixa, oferece 17,9% mais ações.

Em comunicado ao mercado, a BRMalls afirmou que após a negociação sobre os termos do acordo e quando a documentação necessária para convocação da assembleia geral de acionistas for apresentada, o conselho de administração da empresa vai "examinar e deliberar sobre os termos e condições da referida reorganização societária".

"A deliberação tomada nesta data não deve ser entendida como apoio ou recomendação em relação aos termos da nova proposta", diz o comunicado da companhia.

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O vice-presidente do conselho de administração da BRMalls, João Roberto Teixeira, afirma que o cenário ideal é que o conselho possa deliberar sobre a proposta a fim de recomendar ou não aos acionistas a aprovação nos próximos dias, antes de que a atual oferta da Aliansce vença.

- Além de preço, tem outros aspectos relevantes que precisam ser analisados (sobre o negócio), como governança, gestão de capital, pagamento de dividendos, estratégia de qualidade do portfólio. Pedimos informações detalhadas de shopping a shopping à Aliansce para avaliar se o negócio é bom ou não para acionistas da BRMalls - afirmou ele ao GLOBO.

Teixeira diz que o conselho considera que o negócio pode trazer importantes ganhos de escala, mas que as propostas anteriores esbarravam em um valor aquém do aceitável. -  Na terceira proposta, a gente nota claramente um grau de interesse e de comprometimento da Aliansce para que se reaize a combinação de ativos e isso abre espaço para que a gente inicie trâmites de documentação e, posteriormente, os acionistas votem - afirma o executivo.

A combinação das duas empresas,mesmo se aprovada pelas empresaas,ainda precisaria passar pelo Cade(órgão antitruste brasileiro). Caso vingue, o negócio dará origem à maior administradora de shoppings da América Latina, com receita anual próxima dos R$ 38 bilhões e 69 empreendimentos sob administração.

O mercado vê com bons olhos a possibilidade de consolidação das duas empresas. Às 13h desta terça, os papéis de BRMalls e Aliansce Sonae subiam 6,29% e 0,94% an B3, respectivamente.