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Economia Coronavírus

Em Rio e SP, cerca de 18% dos habitantes recebem o auxílio de R$ 600, contra 4% que eram atendidos pelo Bolsa Família

Número de beneficiários de programas sociais dispara nas 27 capitais do país e impulsiona consumo em meio a crise
Beneficiários de renda social dispararam nas 27 capitais do país Foto: Hermes de Paula /Agência O Globo
Beneficiários de renda social dispararam nas 27 capitais do país Foto: Hermes de Paula /Agência O Globo

RIO - Os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho, principalmente entre os informais, fez com que a cobertura por transferências sociais triplicasse nas regiões mais ricas do Brasil. Levantamento feito pelo GLOBO com base em dados do Ministério da Cidadania mostra que, nas 27 capitais do país, o número de beneficiários saltou de 2,8 milhões, com o Bolsa Família, para 9,9 milhões, com o auxílio emergencial .

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Os números dão a dimensão da presença da renda básica emergencial na vida daqueles que habitam as cidades mais ricas do país. Em média, um em cada cinco brasileiros residentes nas capitais está recebendo o auxílio de R$ 600 do governo federal.

Todas as 27 cidades registraram aumento de mais de dez pontos percentuais na cobertura social. Em São Paulo, 4,4% da população era beneficiária do Bolsa Família. Agora, com o auxílio emergencial, essa taxa chegou a 18,4%.

No Rio de Janeiro, esse percentual saltou de 4,8% para 18,6%. O menor percentual encontra-se em Porto Alegre, com 10,6% da população beneficiada.

Uma das razões para o avanço nos centros urbanos desenvolvidos é a presença da informalidade no mercado de trabalho e o crescente desemprego. Entre março e abril, 414,9 mil postos de trabalho formais foram perdidos nessas cidades, segundo dados do Caged, do Ministério da Economia.

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E são nessas localidades que a pandemia do novo coronavírus mais matou. Cerca de 50% dos óbitos confirmados por Covid-19 no país estão nas capitais.

Com a economia cada vez mais deteriorada, prefeitos acreditam que a prorrogação do programa por mais dois meses pode ajudar a recolocar a economia nos trilhos após o baque inevitável gerado pelo distanciamento social.

Impulso ao consumo

O cenário é similar em cidades das regiões metropolitanas, onde filas quilométricas na porta das agências da Caixa em busca do auxílio foram vistas com recorrência. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, 23,19% da população recebem o benefício emergencial.

Segundo o prefeito Washington Reis (MDB), o pagamento do auxílio “salvou” a economia municipal em meio à queda na arrecadação. O município já perdeu cerca de R$ 100 milhões em tributos desde o início do período de pandemia. A injeção dos recursos do auxílio emergencial por três meses equivale a cerca de 1% do PIB municipal

— Salvou a gente do desastre. A arrecadação de impostos caiu, e as pessoas tiveram problemas de falta de alimentos em casa. Esse recurso fomentou o comércio e está mantendo viva a engrenagem da economia. É uma injeção de dinheiro na veia — comenta Reis.

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Agora, mesmo que em menor valor, ele conta com o Bolsa Família para evitar maiores perdas.

— O fim do auxílio pode afetar sim (a economia), mas ainda teremos o Bolsa Família, que muitos moradores daqui recebem. O governo não vai ter dezenas de bilhões (de reais) constantemente para fazer socorro, mas foi muito importante nesse momento de reclusão das pessoas e de queda da atividade econômica.

( *Estagiário, sob supervisão de Alexandre Rodrigues)