Economia Emprego

Suástica e insultos: Tesla, de Elon Musk, é processada na Califórnia por denúncia de racismo

Funcionários negros relatam rotina de discriminação em fábrica de Fremont, na Baía de São Francisco. Um ex-empregado já recebeu indenização
Tesla enfrenta mais um processo de racismo Foto: Brent Lewin / Bloomberg
Tesla enfrenta mais um processo de racismo Foto: Brent Lewin / Bloomberg

SAN FRANCISCO, CALIFÓRNIA (EUA) — Uma agência estadual da Califórnia está processando a Tesla, a fabricante de carros elétricos de Elon Musk, acusando a empresa de permitir discriminação racial e assédio na fábrica localizada em Fremont, na Baía de São Francisco.

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O Departamento de Empregabilidade e Habitação Justas da Califórnia (DFEH, na sigla em inglês) disse que centenas de trabalhadores da Tesla relataram ter sido alvo de pichações e insultos racistas, inclusive de supervisores. Eles também acusaram a empresa de práticas discriminatórias.

A agência acrescentou que os funcionários negros receberam trabalho fisicamente mais árduo e e a eles foram negadas transferências e promoções com mais frequência do que a outros trabalhadores.

“Depois de receber centenas de reclamações de trabalhadores, a DFEH encontrou evidências de que a fábrica da Tesla em Fremont é um local de trabalho racialmente segregado, onde trabalhadores negros são submetidos a insultos raciais e discriminados em atribuições de trabalho, disciplina, remuneração e promoção, criando um ambiente de trabalho hostil”, afirmou Kevin Kish, diretor do departamento, em um comunicado. “Os fatos deste caso falam por si.”

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Empresa de Musk contesta processo

Em um comunicado publicado on-line na quarta-feira, antes do processo ser aberto, a Tesla disse que “se opõe fortemente” a todas as formas de discriminação e assédio. A empresa contestou o processo, argumentando que a agência estatal havia investigado dezenas de reclamações anteriores nos últimos anos e não encontrou nenhuma má conduta.

“Portanto, isso prejudica a credibilidade da agência que agora alega, após uma investigação de três anos, que discriminação racial e assédio sistemáticos de alguma forma existam na Tesla”, acrescentou a empresa. “Uma narrativa feita pelo DFEH e um punhado de firmas demandantes para gerar publicidade não é prova factual.”

Procurada pelo NYT, a Tesla não respondeu a um pedido de comentário.

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A empresa de Musk afirmou que sua fábrica em Fremont tinha uma “força de trabalho majoritária e minoritária”, e descreveu o processo como contraproducente “no momento em que os empregos industriais estão deixando a Califórnia”.

A empresa mudou sua sede para o Texas no ano passado e abriu uma nova fábrica, em Austin.

A Tesla também afirmou que a agência da Califórnia recusou seus pedidos de informações sobre as acusações. A empresa planeja pedir ao tribunal que “interrompa o caso e tome outras medidas para garantir que fatos e provas sejam analisados”, acrescentou.

Suástica e caricaturas racistas

Em outubro, um júri federal em São Francisco concedeu uma indenização de US$ 137 milhões a um ex-funcionário negro da Tesla que disse ter enfrentado assédio racial de um supervisor e de outros colegas enquanto trabalhava na fábrica de Fremont, entre 2015 e 2016.

Segundo o profissional, que não teve o nome divulgado, os funcionários desenharam suásticas e riscaram um insulto racista em um banheiro, além de espalharem caricaturas depreciativas de crianças negras pela fábrica.

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No mês seguinte, Jessica Barraza, outra funcionária da Tesla, processou a empresa, acusando-a de permitir assédio sexual generalizado, tanto verbal quanto físico. Mais seis mulheres processaram a empresa em dezembro, alegando tratamento semelhante.

No mês passado, uma das principais executivas negras da Tesla, Valerie Capers Workman, deixou a companhia. Como chefe de RH da Tesla, era ela quem se expunha em nome da empresa para responder aos processos.