Entenda o que são as bandeiras tarifárias e como elas impactam sua conta de luz

Sistema foi criado em 2015 para sinalizar os custos da geração de energia
Sistema de bandeiras tarifárias foi adotado em 2015 e indica aos consumidores, na conta de luz, os custos da geração de energia elétrica Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RIO - A seca histórica no Sudeste levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a acionar a bandeira vermelha nível 2 a partir de junho, encarecendo a conta de luz dos brasileiros. Agora, com a piora da crise hídrica, a Aneel já estuda subir mais de 60% o valor cobrado na bandeira de maior patamar do sistema.

Entenda o que são e como funcionam as bandeiras tarifárias na energia elétrica:

O que são as bandeiras tarifárias?

O sistema de bandeiras tarifárias foi implementado em 2015 para indicar aos consumidores, na conta de luz, os custos da geração de energia elétrica.

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As bandeiras verde, amarela ou vermelha, tem essas cores para sinalizar ao cidadão o nível de preço necessário para se manter a oferta de energia. Assim, é possivel realizar um consumo de energia de forma mais consciente.

  • Bandeira verde: Significa que as condições para geração de energia estão favoráveis. A tarifa não sofre nenhum acréscimo.
     
  • Bandeira amarela: Indica que as condições para a geração de energia estão menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01343 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos.
     
  • Bandeira vermelha - patamar 1: Sinaliza que as condições para geração de energia estão mais caras. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,04169 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos.

  • Bandeira vermelha - Patamar 2: É a bandeira de patamar mais elevado do sistema, quando as condições para geração estão em níveis ainda mais caros. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,06243 para cada quilowatt-hora kWh consumido.

O cálculo da bandeira é feito sobre a tarifa de energia. Ou seja, o valor pode variar de acordo com a distribuidora.

Para economizar, ligue o aparelho apenas quando for dormir e desligue logo ao acordar. Uma opção é usar a função sleep, disponível em alguns modelos. Outro cuidado é manter o ar-condicionado em temperatura adequada. Especialistas recomendam 23ºC. Não é preciso colocar temperatura muito baixa, para não gastar muita energia. Foto: Pixabay
Em uma família com quatro pessoas, o uso do chuveiro elétrico corresponde a cerca de 25% da conta de luz. Para economizar, evite banhos muito longos e dê preferência a usar o chuveiro no modo verão, que economiza até 30% de energia Foto: Pixabay
Quando a porta fica muito tempo aberta, o motor funcionará mais, gastando mais energia. É importante também manter a borracha de vedação da porta da geladeira em bom estado. Ao viajar, uma opção é esvaziar a geladeira e desligá-la da tomada. Foto: Pixabay
A substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED pode gerar uma redução de 75% a 85% no consumo de energia. Além disso, essas lâmpadas duram mais. Em relação às lâmpadas fluorescentes, a economia é de cerca de 40% Foto: Pixabay
Dê preferência a lavar uma grande quantidade de roupas, para economizar água e energia. Evite colocar muito sabão, para não ter de enxaguar duas vezes. Na hora de passar, a melhor opção é juntar roupas e passar uma grande quantidade de uma vez. Desligue o ferro quando for interromper o serviço. Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas roupas mais leves. Foto: Pixabay
O uso do ventilador de teto durante 8 horas por dia gera um gasto de apenas R$ 18 por mês. Mesmo assim, é importante evitar deixar o aparelho ligado quando não houver ninguém no cômodo. Na hora de comprar, lembre-se que quanto maior o diâmetro das hélices, maior o consumo de energia. Foto: Pixabay
No caso dos eletrônicos, a recomendação é desligar o televisor e os videogames quando ninguém tiver usando. Retirar os aparelhos da tomada também ajuda a poupar energia. Foto: Arquivo

Qual a diferença entre as bandeiras tarifárias e tarifas de energia elétrica?

As tarifas de energia são a maior parte da conta de luz dos consumidores e cobrem os custos de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica, além dos encargos setoriais.

Já as bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica. Isso porque, dependendo das usinas utilizadas para gerar a energia, esses custos podem ser maiores ou menores, segundo a Aneel.

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Com a adoção das bandeiras em 2015, a variação de custos que antes só era repassada no reajuste seguinte - podendo ocorrer até um ano depois -, se tornou mais imediata e transparente. Ou seja, as bandeiras tarifárias refletem a variação do custo da geração de energia quando ele acontece.

Lago da represa da hidrelétrica de Marimbondo, no interior de São Paulo, praticamente sem água: consumidor terá de pagar sobretaxa ainda maior na conta de luz pelo acionamento de termelétricas Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
A usina hidrelétrica de Marimbondo esta operando abaixo da capacidade por causa do período da estiagem Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Seca pode prejudicar fornecimento de energia elétrica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Segundo ONS, está prevista "a perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do Rio Paraná no segundo semestre de 2021" Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
O reservatório da usina Marimbondo, localizado no Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais, atingiu o nível mais baixo entre todos os monitorados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Com a falta de chuva para encher o reservatorio, a producao de energia foi reduzida Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Área inundada por barragem volta a ficar exposta devido à seca histórica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Cor mais vívida do solo revela o que há pouco era o fundo do reservatório Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Localizada na divisa de São Paulo e Minas Gerais, a hidrelétrica tem capacidade para produzir 1.440 megawatts Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo

Como e quando as bandeiras mudam de cor?

A cada mês, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reavalia as condições de operação do sistema de geração de energia elétrica e a necessidade das bandeiras. A partir dessa avaliação, é feita uma previsão de geração de energia e os custos necessários a serem cobertos pelas bandeiras para suprir a demanda.

Quando há escassez de chuvas, o custo extra para acionar as usinas termelétricas é repassado aos consumidores finais por meio da mudança da bandeira. No final de cada mês, a Aneel divulga o valor da bandeira vigente para o mês seguinte para todos os consumidores do SIN (Sistema Interligado Nacional).

Nivalde de Castro, professor e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, alerta que a atual crise hídrica deve fazer com que seja utilizada a bandeira vermelha patamar 2 até maio do ano que vem.

— O ONS já anunciou que até o ano que vem usaremos usina termelétrica para que o nível dos reservatórios das usinas se recupere. Isso porque é preciso que a água acumule no reservatório, ou seja, que a energia em forma de água aumente o nível dos reservatórios.