Economia

Escassez de semicondutores ameaça cortar produção mundial em até 7,1 milhões de veículos em 2021

Toyota vai paralisar 14 fábricas mês que vem e Ford vai desativar unidade de picapes nos EUA. Interrupções no fornecimento de peças afetarão indústria até 2022
Com a falta de chips, Ford anunciou que desativará sua fábrica de picapes F-150 perto de Kansas City. Toyota planeja interromper produção em 14 fábricas no próximo mês Foto: Bloomberg
Com a falta de chips, Ford anunciou que desativará sua fábrica de picapes F-150 perto de Kansas City. Toyota planeja interromper produção em 14 fábricas no próximo mês Foto: Bloomberg

KUALA LUMPUR, MALÁSIA — A escassez global de semicondutores cortará a produção mundial de automóveis em até 7,1 milhões de veículos este ano, e interrupções no fornecimento relacionadas à pandemia de Covid-19 prejudicarão a indústria até 2022, alerta a IHS Markit.

A falta de chips não deverá se estabilizar até o segundo trimestre do ano que vem, com a recuperação chegando somente no segundo semestre, acrescenta a IHS em seu relatório.

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O panorama sombrio é mais uma prova de que a crise do chip está longe de terminar. E a previsão da empresa de pesquisa não inclui os últimos cortes da Toyota, que planeja interromper a produção em 14 fábricas no próximo mês e reduzir a produção em 40%.

“A situação ainda está repleta de desafios”, escreveram os analistas da IHS, Mark Fulthorpe e Phil Amsrud em seu relatório, acrescentando:

“Também estamos vendo volatilidade adicional devido às medidas de bloqueio da Covid-19 na Malásia, onde muitas operações de teste e embalagem de chips de back-end são realizadas.”

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As baixas taxas de vacinação e o aumento das taxas de infecção no sudeste da Ásia estão levando ao fechamento de fábricas que montam todos os tipos de semicondutores, acrescenta a IHS.

Na quarta-feira, a Ford anunciou que desativará sua fábrica de picapes F-150 perto de Kansas City, no Missouri, na próxima semana "devido a uma escassez de peças relacionadas a semicondutores como resultado da pandemia de Covid-19 na Malásia".

A Toyota, que tinha estoques de chips e antes experimentava menos interrupções, citou o surto asiático da variante Delta do novo coronavírus para seus cortes de produção em setembro.

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“Especialmente no sudeste da Ásia, a disseminação da Covid e os bloqueios estão impactando nossos fornecedores locais”, disse o diretor do Grupo de Compras da Toyota, Kazunari Kumakura.

Anteriormente, a IHS acreditava que a escassez de semicondutores iria reduzir a produção automotiva global em 6,3 milhões, mas diante deste cenário essa previsão passou para 7,1 milhões de veículos este ano, isso sem incluir os cortes da Toyota.

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sSomente no terceiro trimestre, até 2,1 milhões de unidades podem ser perdidas devido à falta de chips, acrescentou a agência de pesquisa.

O segundo trimestre de 2022 “pode ser o ponto em que esperamos a estabilização da oferta”, acredita a IHS, “com os esforços de recuperação agora começando apenas a partir do segundo semestre de 2022”.